Política local - Assembleia Municipal
A presidente no seu labirinto
Foi bastante participada a sessão da passada sexta-feira da Assembleia Municipal, que teve lugar na Linhaceira, com uma razoável moldura humana. Após uma tentativa falhada, eis a análise dessa sessão, visionada por mil e cem pessoas, que emitiram 23 like e 7 comentários, no Facebook municipal. Entre os que presenciaram à distância havia jornalistas, devidamente identificados, mas que até agora nada publicaram sobre o assunto. Ontem foi sábado e hoje é Domingo...
Aberta a sessão pelo presidente Hugo Costa, que aproveitou para uma farpa à oposição, ao referir que, apesar das repetidas promessas ao longo dos anos, esta era apenas a segunda sessão da AM descentralizada.
A primeira intervenção coube, por razões protocolares, ao anfitrião, o presidente da junta da Asseiceira, que teve uma boa prestação oral, e mostrou um vídeo interessante sobre a freguesia. Antes houvera a intervenção de um cidadão, queixando-se de que, só podendo falar no início da sessão, estava de facto impedido de criticar os intervenientes da AM.
Iniciou-se então mais um episódio da guerrilha presidente > oposição, com uma salganhada sobre os vários programas europeus, imprópria para quem não esteja na política a tempo inteiro. E com cabeça. Agravando a situação, apesar de excelente oradora, Anabela Freitas insiste numa irritante corruptela fonética. Usa "tem a haver" em vez de "tem a ver", que é a forma correcta. Só em questões financeiras é que o tem a haver faz sentido. Exemplo: O meu colega ainda tem a haver metade do último ordenado. (Não adianta desmentir. A gravação não engana, como o célebre algodão do anúncio.)
Parece haver nessa guerrilha uma incompreensão e uma atitude. A atitude é condenável em democracia, e consiste em tratar os adversários como inimigos a abater. Já a incompreensão talvez ainda seja remediável. A oposição, com destaque para o PSD, sustenta com factos que o executivo nunca teve nem tem qualquer estratégia para a cidade e o concelho. A presidente pretende, de forma incisiva, demonstrar o contrário com uma boa oratória, porém sem convencer, por falta de provas. Estarão ambas as partes a falar do mesmo? Com a mesma intenção?
Agravando a situação, o PSD vinha bem preparado e manteve-se ao ataque, com quatro deputados municipais a intervir, todos com bastante qualidade, destacando-se Lourenço dos Santos, mais político, e João Terreiro, mais programático.
Ao lado de tal artilharia, as intervenções do BE e da CDU foram duras. Sobretudo a de Bruno Graça, que falando sem papel, coisa pouco habitual em ocasiões solenes como a sessão da AM, foi acutilante. Afirmou que a estratégia do executivo resume-se a festas e festarolas, gastar, gastar. Vindo do PCP, que até já foi parceiro em tempos, não é propriamente um elogio.
Cumpre reconhecer que, perante tal ofensiva geral, Anabela Freitas foi corajosa, dando o peito às balas de forma solitária, quando a maioria socialista dispõe de 4 eleitos. Denotou coragem física e anímica fora do comum, mostrando um semblante calmo e repousado, após 8 intervenções, por vezes assaz agrestes. Houve mesmo um desentendimento com o deputado social-democrata Lourenço dos Santos, por causa do vocábulo "tacanha". Afinal, esclareceu o adversário político, o apodo referia-se à acção e não à pessoa. O tal problema com o português...
Os restantes eleitos municipais mantiveram um prudente silêncio. O deputado do Chega cedeu os seus 5 minutos aos PSD, o mesmo fazendo o Independente do nordeste. Houve uma excepção: Um jovem deputado socialista parece ter confundido a Assembleia Municipal com uma reunião da claque benfiquista. Veio dizer que, ao contrário do afirmado por João Tenreiro, o PSD não estava preparado para assumir o poder. Mas calou-se antes de explicar porquê. Principiante, certamente.
A sessão terminou com um minuto de silêncio, à memória do trabalhador falecido nas obras da Tejo Ambiente. Pelo caminho que as coisas levam, é bem provável que um dia haja um minuto de silêncio por alma desta maioria socialista. Só falta saber se em 2025 ou antes.
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