Imagem Rádio Hertz, com os nosso agradecimentos.
Política localMais um erro camarário
que custa caro e acaba mal
A notícia está na informação local. Basta ir aos links supra. Não adiantaria portanto insistir, não fora a indiscutível actualidade de explicar o porquê das coisas. É o que se passa a tentar. Não é primeira vez que a Câmara perde acções judiciais, com custos assaz desconfortáveis, resultado da particular idiossincrasia da sua presidente, a eleita Anabela Freitas.
Em todas as circunstâncias políticas (que é o que aqui nos interessa), o seu comportamento é sempre o mesmo. Padrão uniforme. Tenacidade e persistência, que são sinónimos de obstinação, o que significa, segundo os dicionários, "apego forte e excessivo às próprias ideias". Donde resulta que a oposição, os críticos, ou quem dela ouse discordar, só pode ser um inimigo e, por conseguinte, nunca tem razão.
São conhecidas as várias circunstâncias, algumas até caricatas, em que a senhora se obstinou contra terceiros, seja por questões laborais, políticas ou até pessoais. E quando recorre aos tribunais, perde quase sempre, porque a pretensão é insustentável em termos de simples senso comum, que faz sempre falta, sobretudo na política. Pagam os contribuintes, através dos cofres camarários, as birras da senhora, uma vez que também são sinónimo de tenacidade ou obstinação.
Na mais recente sessão da Assembleia Municipal, um deputado municipal do PSD fez uma pergunta muito interessante: -Porque é que a srª presidente, depois de solicitar a colaboração de todos, recusa de facto a nossa ajuda?" Exactamente porque, não se dando conta da evidente contradição, considera que têm ideias diferentes e por isso inaceitáveis. Quem padece de obstinação e está no poder, tende a pensar que querem é roubar-lhe o lugar. Paranoia difusa, diriam os clínicos especializados, se consultados.
Obstinação, tenacidade, persistência ou teimosia, tanto podem ser consideradas qualidades como defeitos. Depende do contexto e do posicionamento de cada qual. Em Portugal temos um exemplo, velho de mais de cinco séculos, quando um poeta luso, recém chegado de Itália, onde vivera durante cinco anos, não conseguiu readaptar-se à vida na corte, e resolveu retirar-se para uma quinta no Minho, em Amares, terra natal de Gualdim Pais, que entretanto comprara. Ao abandonar o paço real lisboeta, deixou uma quintilha, hoje bastante conhecida, dirigida ao rei D. João III:
Homem d'um só parecer
D'um só rosto, uma só fé
D'antes quebrar que torcer
Ele tudo pode ser
Mas da corte homem não é
(Francisco Sá de Miranda)
Trocando homem por mulher e corte por política, temos a espinhosa situação actual de Anabela Freitas, num tempo que já não é há muito o do século XVI, com tudo o que isso implica, nomeadamente para os cofres municipais:
Mulher d'um só parecer
D'um só rosto, uma só fé
D'antes quebrar que torcer
Ela tudo pode ser
Mas boa política não é
Sem comentários:
Enviar um comentário