sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Política local - Assembleia Municipal

Ilusionismo político nabantino

Está marcada para hoje mais uma sessão da Assembleia Municipal, desta vez a pedido da própria presidente da Câmara. Algo de transcendente a tratar? Que ideia! Trata-se apenas de apurar quais os itens subsidiados pela União Europeia que se podem adaptar a Tomar, para depois mandar as candidaturas já prontas. Noutros termos, em vez de haver um plano de desenvolvimento para a cidade e o concelho, devidamente debatido e sufragado, a partir do qual seriam selecionados os empreendimentos a subsidiar por Bruxelas, faz-se justamente o inverso.  Haverá candidaturas aos fundos europeus, só para mostrar obra e fingir que Tomar dispõe de um plano. Que na verdade não existe. Tanto o PDM como a sua revisão são dois malogros. Duas experiências falhadas. Dois trambolhos.
De resto, quanto a ajudas europeias possíveis, os deputados municipais apenas receberam a listagem das hipóteses disponíveis há quatro dias, após insistência por escrito do presidente da AM. Quando se tem uma ideia do arcaboiço cultural e da preparação política  dos senhores deputados municipais em geral (há excepções, naturalmente) está-se mesmo a ver que, em menos de uma semana, prepararam intervenções muito substantivas. É só aguardar para ver.
A situação é de tal forma aberrante e incómoda, que a srª presidente da Câmara, cuja capacidade para ouvir os outros não integra as suas qualidades, se viu forçada a solicitar uma sessão da AM para sacar algumas ideias. Com duas outras intenções subjacentes, fazer de conta que ouviu a oposição, assim cumprindo a lei, e culpar os outros, conforme é habitual, quando houver críticas mais ásperas, como agora aconteceu com a Estrada da Serra.
Parece que já estou a ler: -"Foi tudo aprovado no executivo e na Assembleia Municipal. Porque é que a oposição nada disse nessa altura?" É o chamado ilusionismo político nabantino. Em vez de sacarem coelhos da cartola, sacam uns fundos europeus para umas obras ao acaso, destinadas a disfarçar um pouco os gastos excessivos com eventos, festas e subsídios para comprar votos.
O hábito está de tal forma enraízado que a informação local, mesmo a que ainda não se vendeu por necessidade, se deixou enganar pelo título manhoso "Estratégia 20/30 para Tomar". Titulava esta semana "Assembleia Municipal debate o futuro de Tomar".  Têm a certeza? Quando? Em que ano?

ADENDA

O mais problemático é que, após lerem o que antecede, muitos eleitos locais vão agir como os "terraplanistas". Inculcaram-lhes a ideia de que a Terra é plana e agora ninguém os convence do contrário. O mesmo  acontece com um plano para Tomar. Se nunca houve, para quê agora, perguntam os instalados no poder, porque lhes convém sobremaneira, para evitar mais tranquibérnias.

























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