Cultura popular
Tabuleiros tomarenses tranquilos
A Câmara orçamentou quase um milhão de euros, de modo que já se trabalha com força, para que os tabuleiros desfilem em Julho por algumas avenidas e ruas de Tomar. Para turista ver e tomarense se enternecer. Embora realizada apenas de 4 em 4 anos, o que vale quase zero em termos de promoção turística a sério, já há problemas, como sempre. Por agora, são os custos das matérias primas e a grande falta de mão de obra para a ornamentação das ruas ditas populares. Mais tarde virão outros. O costume.
Embora não concordando com o modelo organizativo, nem com alguns outros aspectos, como já venho escrevendo há anos, quero sossegar o pessoal da festa. Salvo imprevisto excepcional, Tomar a dianteira 3 não voltará a escrever sobre os tabuleiros até ao final da edição 2023, no próximo verão. Nada de agitação escusada. Haverá decerto culpados, porque há sempre, porém não será quem isto escreve.
Até porque, além de não adiantar, por ser sobretudo para memória futura, e pouco lido pelos costistas, que de qualquer modo se estão marimbando, porque já aprenderam tudo, também estaria muito limitado em termos práticos. A próxima festa -se ainda houver e nos mesmos moldes- acontecerá em 2027. Quando já forem outras as caras nos Paços do concelho. Idealmente, tanto no sector dos eleitos, como no dos funcionários superiores. E pode ser que então, finalmente... Porque com os que estão, é praticamente sem remédio. Mais um funeral com música, estilo Nova Orleans (Louisiana, USA), com os intervenientes convencidos de que é uma festa.
O Tomar way of life, algo como o modelo, ou o esquema tomarense de vida, faz com que, desde há dezenas e dezenas de anos, se repitam dezenas de problemas com os tabuleiros, tanto para quem financia, como para quem faz, ou quem vem ver. Apesar disso, nunca foi feito um balanço exaustivo de cada edição, para apurar os êxitos e os malogros. Por conseguinte, tudo parece indicar que também não vai ser desta vez, pois temos mesmo uma simpática vereadora, que costuma usar uma frase feita, após qualquer realização na sua área, que é a cultura e o turismo: "Fazemos um balanço muito positivo."
O mais recente "balanço muito positivo" foi a Feira de Santa Iria, que custou oficialmente 165 mil euros, e se calhar bem mais, se formos aos detalhes. Com o senhor vice-presidente a esclarecer, logo de seguida, que "a feira não é para dar lucro." Paga povo, e não te queixes, que não vale a pena. O poder tem sempre razão, mesmo quando está equivocado, como é o caso.
De forma que, após a distribuição de pão fresco oferecido por uma empresa, vinho oferecido por outra, e carne por uma terceira, a festa regressará quatro anos mais tarde, em 2027. Se regressar.
Porque aquele processo dito popular de decidir por braço no ar, se há festa, e escolher logo a seguir o mordomo, que já se sabe antes quem é, faz dos tomarenses alvos de chacota por esse país fora, como dantes acontecia com os alentejanos. Aquela invenção do Nini Ferreira sempre se usou e usa nas aldeias, que pagam as suas próprias festas. E nas reuniões do PCP, não vá alguma camarada distrair-se. Mas está deslocado, num município que até tem um parlamento, neste caso ignorado, mas que antes vota o orçamento, e depois tem de aprovar as contas da festa. O tal modelo tomarense de vida. Uma vergonha, em termos de modernidade. Mas é o que temos.
Mesmo assim, votos de êxito para a Festa grande de Tomar! Não se nascia impunemente em Tomar. Agora só em Abrantes. São assim cada vez menos os tomarenses que nasceram mesmo em Tomar, sejam ou não "verdadeiros tomarenses".
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