segunda-feira, 2 de janeiro de 2023



Politica local

TOMAR SEM RUMO NENHUM

 https://radiohertz.pt/tomar-psd-reforca-justificacoes-pelo-voto-contra-o-orcamento-municipio-e-o-33o-com-maior-despesa-com-pessoal/

Decerto pressionado pelas cirunstâncias, o PSD veio a público reforçar a justificação do seu voto contra o orçamento municipal, que no entender dos social democratas foi um voto "a favor de Tomar" (ver link supra). Escrevi antes "pressionado pelas circunstâncias", dado que, sem qualquer pudor ou sentido ético, o PS local continua a intoxicar a população crédula com papas, bolos e balelas, como se sabe a melhor maneira de enganar tolos e elas.
É isso mesmo que se passa. Avançando subsídios, ajudas, ajustes directos e transferências para as freguesias, a maioria PS vai garantindo aos seus apoiantes que está tudo bem, só os malandros da oposição é que resolveram criar dificuldades. E o bom povo acredita, pois  a senhora é tão simpática e fala tão bem, que é incapaz de os enganar. A Tejo ambiente é apenas um acidente de percurso. O célebre charme discreto da burguesia.
Mas o problema municipal tomarense é triplo. Desde logo porque, ao contrário do proclamado vezes sem conta, no curioso lema "No rumo certo", a cidade e o concelho estão sem rumo há muito tempo. E isso nota-se cada vez mais.
Para haver um rumo certo ou errado, era preciso saber-se antes qual ou quais os objectivos finais definidos, os meios para os alcançar e os melhores caminhos para lá chegar. Alguma vez alguém na política local se preocupou com tais minudências? Mesmo entre os eleitos municipais, ninguém sabe qual é o tal rumo, nem onde nos vai conduzir. A própria maioria socialista apenas sabe, mas nunca o admite, que não há rumo algum. Apenas um objectivo único. A permanência no poder, custe o que custar, como se tem vindo a ver.
Com toda a razão, a oposição PSD denuncia as exageradas despesas com pessoal e os subsídios vários, que duplicaram em valor. Diz-se até, segundo já chegou a Fortaleza, que certa abstenção,  na recente votação do orçamento, custou a bagatela de 50 mil euros, sob a forma de subsídio extraordinário a determinada entidade local.  Indícios seguros de que, tal como os bens de primeira necessidade, também a compra de votos está pelas ruas da amargura. 
Apesar disso, o plano e orçamento não apresentam quaisquer medidas para contrariar a tendência perniciosa do aumento, porque a maioria PS desde 2013 que tem uma ideia imobilista das coisas. Desde que se vá mantendo no poder, o resto está tudo bem.
O que não é de todo verdade, pois a situação actual é insustentável a médio-longo prazo, em termos financeiros, e a maioria costista já foi alertada nesse sentido pela DF. Mesmo com as abundantes ajudas de Bruxelas e o aumento da arrecadação de impostos, provocado pela inflação, as despesas com pessoal já aparecem como algo de incomportável, com o Município de Tomar em 33º lugar entre 308, no quadro dos gastos com vencimentos. O que é muito mau sinal, por ser muito pouco provável que os autarcas dos restantes 275 municípios que gastam percentualmente menos que Tomar com pessoal, sejam todos lorpas sem remédio. Não serão antes os da maioria nabantina que insistem em armar-se em espertos, contra toda a evidência?
Como se não bastasse armarem-se em espertos, na área da esperteza saloia, que agora ninguém compra na faixa costeira mais evoluída, os membros da actual maioria socialista queixam-se privadamente da falta de pessoal qualificado, com destaque para a senhora presidente. Ou seja, além de excedentário, o pessoal administrativo do município não tem qualificações adequadas às necessidades, mas a maioria PS não pode dizer nada, e muito menos fazer, porque precisa dos seus votos. Resta-lhe portanto ir aumentando a despesa global, com mais contratações, enquanto der.
Aparecem depois a outras duas ameaças a médio-longo prazo. Desde logo, os fundos europeus, que o mais tardar a partir de 2030 não estão nada garantidos. E sem eles... Depois, a absoluta necessidade governamental de reduzir as transferências para as autarquias, como forma de baixar o défice e a dívida. Não têm outro caminho e a UE não lhes vai dar folga.
Estão portanto cheios de razão os eleitos do PSD. A actual maioria costista não tem objectivos definidos, nem planos, nem estratégia, nem vontade de vir a ter. Apenas uma ideia fixa: manter-se no poder navegando à vista. Até agora tem-lhes corrido tudo bem, incluindo a propaganda mentirosa. Porque estamos numa terra em que uma vasta maioria também acredita que uma senhora apareceu numa azinheira e falou a três crianças. Mas isso foi um milagre, há mais de um século, e a maioria costista não frequenta muito a igreja. Acreditarão em milagres? Em todo o caso, mandaram restaurar S. João (uma tarefa da competência do governo, que custou perto de dois milhões), mas foi apenas porque cheirou a escorrências para os do costume, e  a centenas e centenas de votos dos fiéis, para quem quer ficar no poder, sejam quais forem os meios necessários. Pagam os contribuintes forçados, como sempre.

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