quarta-feira, 11 de janeiro de 2023


Poeta popular algarvio António Aleixo (1899/1948)

Sei que pareço [aldrabão]
Mas há muitos que eu conheço
Que não parecendo o que são
São aquilo que eu pareço

Política local

A mentira como adjuvante para governar

Era praticamente inevitável. Com os exemplos que vêm de cima, o endurecimento da oposição local, e a cada vez mais difícil tarefa de encontrar argumentos para justificar asneiras grossas, a maioria socialista local passou a usar a mentira como adjuvante para governar. Triste remédio. Começaram com a dupla linguagem, tão típica dos marxistas toscos, avançaram pelas meias verdades, como no caso do açude do Mouchão, por exemplo, único caso conhecido em que um obstáculo a toda a largura do leito do rio não agrava as consequências das inundações, e agora aí estão, em pleno alfobre de mentiras:
https://tomarnarede.pt/destaque/mentiras-e-protestos-sobre-a-obra-da-estrada-da-serra/
Doravante, vai ser uma via cada vez mais dolorosa, até às autárquicas de 2025, tanto para o poder, como para os seus críticos. Para o poder, porque deve ser muito difícil, creio eu, mentir deliberadamente e durante tanto tempo, sem se sentir envergonhado. Oxalá não seja também para se governarem. Porque quem mente pretende esconder algo. 
Para os críticos, que ainda não foram obrigados a vender-se, como forma de garantir o ganha-pão, deve ser penoso ver pessoas jovens, inteligentes e simpáticas descerem tão baixo para alcançarem tão pouco, afinal. E para os vendidos, pode até haver alguns vómitos, logo reprimidos, que a vida é dura e, como diz o povo, por vezes filha da puta.
Procurando evitar, na medida do possível, que o futuro possa via a ser tão sombrio quanto agora parece, fui procurar auxílio. Além da quadra do pórtico, encontrei três provérbios e mais três quadras alusivas, como lenitivo.  Nos anexins, o mais conhecido parece ser "Apanha-se mais depressa um mentiroso que um coxo." Neste caso, uma mentirosa e um mentiroso.  
Segue-se um outro, simultaneamente mais amplo, mais vago e mais profundo, todavia muito adequado tendo em conta as mentiras do poder e as obras em S. João Baptista: "Há nas autarquias gente tão católica que nunca assina nada sem levar um terço." Finalmente, o mais requintado, apenas ao alcance dos melhores: "Com a verdade nos enganam." E com a mentira nem se fala...
Seguem-se as três quadras relacionadas. A primeira indica como proceder. A segunda mostra o que acontece, quando não se respeitou a primeira. Finalmente a terceira, é definitiva, porém infelizmente sem prazo.

Prá mentira ser segura 
E atingir profundidade
Deve trazer à mistura 
Qualquer coisa de verdade

Mentiu com habilidade
Fez quantas mentiras quis
Agora fala verdade
Ninguém crê no que ela diz

Esta mascarada enorme
Com que o poder nos aldraba
Dura enquanto o povo dorme
Quando ele acordar acaba

Os provérbios são anónimos, as três quadras são do poeta popular algarvio António Aleixo.

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