segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Política local

Os ladrões, as notícias, a política, os hotéis e o turismo

 https://tomarnarede.pt/sociedade/tentativa-de-assalto-a-loja-de-bicicletas-dropzone/#comment-9416

https://radiohertz.pt/tomar-discussao-entre-casal-tera-resultado-numa-montra-partida-na-dropzone/

A notícia supra é paradigmática (1º link). O exemplo de como funcionam as coisas em Tomar. O modus operandi nabantino. "Um grupo de jovens" partiu o vidro de uma montra, para roubar uma bicicleta de 2 mil euros. Como a bicicleta caiu para o interior, e havia gente do outro lado da rua, fugiram.
Formalmente correcta, de acordo com o estado da arte em Tomar e no país, a notícia mostra-se aleijada, quando comparada com normas internacionais. Noticia-se que partiram a montra para roubar uma bicicleta. Indica-se até o preço da bicicleta e porque não a levaram afinal. Mas quanto ao resto, bem importante, nicles. Quantos eram? Como partiram a montra? Seriam ciganos originários do Flecheiro?
Falta de adequada preparação e redacção da notícia. Falta de preparação do roubo frustrado, que originou a fuga precipitada, com as mãos a abanar. Estamos em Tomar.
 O improviso permanente, o desenrasca, o faz de conta, há muito que são as traves mestras da vida tomarense. De tal forma que as pessoas, mesmo quando ocupam lugares de grande responsabilidade, procedem de igual forma: meia bola e força, com muita fé. Quem duvidar que faça o favor de ouvir a gravação da recente Assembleia municipal, realizada na Linhaceira, com a oposição a queixar-se da falta de preparação adequada, da ausência de um plano estratégico, e a srª presidente a tentar demonstrar o contrário, sem todavia o conseguir, se calhar por não saber bem o que é um plano estratégico, por ser tomarense, formada em Tomar.
Enredada em quase dez anos de poder absoluto, Anabela Freitas parece já nem se dar conta das condições deploráveis em que trabalha. De tal forma que, na sessão da AM antes citada, referiu em tom de chacota os novos empreendimentos hoteleiros, como outras tantas vitórias dos seus mandatos. Está equivocada, como tem  acontecido com frequência.
Os novos equipamentos hoteleiros que referiu, são todos unidades familiares, de pouco peso no mercado turístico, com a notável excepção do Vila Galé, um operador de turismo de gabarito internacional. Quanto a este, conviria antes de mais, assimilar as condições em que aceitou vir para Tomar. Subsidiado de facto. Basta referir, abreviando, que o conjunto em ruínas, inicialmente avaliado em 3,5 milhões de euros, acabou por ser cedido por apenas 700 mil euros. O que permite até especular: Se o então potencial investidor tem insistido, a Câmara teria ido até à cedência por um euro simbólico?
Não se trata de criticar. Apenas de levar a entidade vendedora a ver as coisas como elas são. Uma vitória do realismo e do bom senso, e não um triunfo da política socialista. Uma vitória do bom senso, porque Tomar tem finalmente um operador de peso na área do turismo, com tudo o que isso representa para o futuro desenvolvimento da cidade e do concelho.
O primeiro sinal de que a futura relação entre a empresa Vila Galé e a Câmara pode não vir a ser tão confortável como agora pensam os eleitos, é o próprio projecto em execução, que integra um auditório de congressos com 240 lugares.
Tendo constatado a excelência de Tomar, localizada no centro do país, para o desenvolvimento do turísmo de congressos, mas também a ausência de infraestruturas adequadas, Vila Galé avançou, na parte que lhe toca: alojamento e local para as reuniões. Não tardará depois a exigir que a Câmara faça a sua parte: estacionamento, sanitários, sinalética, estádio com bancadas, ligação rápida e não poluente cidade-convento-cidade, parque de campismo, etc. etc. Animação já há, por vezes até em excesso.
Confrontada com tais exigências, e não dispondo de um plano estratégico que as integre, a Câmara vai ter dias atormentados. Tentará então desenrascar, tal como tentaram os ladrões falhados da bicicleta, e o  autor da notícia. É o modus operandi tomarense, que já fez o seu tempo, mas vai ser muito doloroso de substituir por algo mais conforme com a modernidade. O progresso é uma máquina trituradora.

ADENDA ÀS 14H15 de TOMAR

Devido à diferença horária de 3 horas entre Fortaleza e Tomar, (menos 3 horas em Fortaleza), quando a crónica de Tomar a dianteira 3 foi redigida, a notícia da Rádio Hertz ainda não tinha sido publicada. O respectivo link foi adicionado posteriormente, para que os leitores possam constatar o irrealismo da situação relatada. "Um grupo de jovens"? (Tomar na rede). Ou "um casal"? (Rádio Hertz)
"Testemunhas já apontaram a respectiva identidade", escreve a Hertz. E mesmo assim não noticiam quem são, porquê? Têm algum estatuto de excepção?


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