Política
Turistas violentos, partido fechado e arranjos partidários
O título indica os grandes temas pessoais desta manhã. Um no Brasil, dois em Tomar.
Sobre a alegada tentativa de tomada do poder no grande país irmão, começo por esclarecer que vivo em Fortaleza, no estado do Ceará, a 2 mil quilómetros da capital federal Brasília. Mais ou menos a mesma distância que entre Lisboa e Bruxelas. Não estive portanto no "olho do furacão", mas tive acesso imediato às transmissões em directo da CNN, da Record News e da Globo.
Na minha opinião, não houve qualquer tentativa de tomada do poder. Apenas uma multidão de turistas políticos, vindos de todo o Brasil, em mais de 100 autocarros, que invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo tribunal federal, cumprindo as ordens recebidas.
Não tendo havido impedimento por parte das autoridades encarregadas da protecção das instalações, uma vez no interior, os invasores, visivelmente sem liderança nem objectivos para além da ocupação, resolveram enveredar pela destruição dos locais. Uma respeitável senhora de mais de 60 anos disse mesmo, perante uma das reportagens e com ar vingativo,"caguei e mijei no chão do Palácio do planalto" (sede da presidência da república). Gente de elevado gabarito, com uma original forma de protesto, como se vê.
Tendo entrado sem oposição, os turistas-manifestantes saíram da mesma forma, logo que as brigadas policiais, a pé e a cavalo, começaram a evacuar os locais. Verificou-se então que não havia armas. Falou-se apenas de 3 granadas achadas no Congresso e 2 no Planalto, decerto habilmente "plantadas" para tentar agravar a situação. Porque, em semelhante acção popular, sem repressão violenta, granadas para quê? E que granadas?
Se fosse mesmo uma tentativa de tomada do poder, certamente teria havido um ou vários líderes identificados no local, e a leitura de um comunicado com as exigências. Não houve uma coisa nem outra. Apenas a ideia difusa do apelo aos militares para tomarem o poder, na sequência do que já vinha sendo feito desde as eleições, nos vários acampamentos montados frente aos quartéis do exército em todo o país, entretanto já desmontados, por ordem do Supremo Tribunal Federal.
Houve até uma confusão rídícula. Quando, algumas horas mais tarde, o presidente Lula decretou a lei federal, perante a evidente passividades das autoridades locais, houve entre os manifestantes quem gritasse: -Resultou! Conseguimos! Lula acaba de ordenar a intervenção militar!
Em conclusão, uma condenável manifestação popular algo violenta, que mais pareceu um mau filme. Coitado do cavalo da polícia militar, ferido na queda quando o derrubaram. Terá sido a única vítima grave no meio de tudo aquilo. Além do património, claro. Como exemplificou a senhora distinta: Estão-se cagando para o poder.
Entretanto em Tomar, no outro hemisfério, o PCP anunciou, num comunicado enviado para a Rádio Hertz, que pretende ouvir a presidente da Câmara numa comissão da Assembleia Municipal, sobre a carta educativa e a Escola Profissional de Tomar. Acrescentam que estiveram reunidos com o director daquela escola, mas nada dizem sobre os assuntos tratados e respectivas conclusões, como se fossem "segredo de estado". Após a inesperada abstenção na votação do Plano e Orçamento, que não entendi de todo, pretendem agora ouvir Anabela Freitas, sobre a grave situação financeira da EPT, a que propósito? O vereador da educação e ensino não é o vice-presidente Cristóvão? Ele é mudo? Apenas vereador de fachada?
Neste ambiente típico de Tomar, causou estranheza o "perfil baixo" de Tiago Carrão, na reunião de executivo camarário do dia 9. Problemas de saúde? Ou, na sequência das sucessivas broncas governamentais, e do adiamento pelo PR da dissolução da A.R., houve ordens superiores para o líder do PSD nabantino "bater a bola mais baixo e ir fazendo menos ruído mediático" ?
Se assim aconteceu, voltamos à fase anterior, o colaboracionismo que só deixou boas recordações ao PS. E 2025 é já ali adiante.
Tanto no caso PCP como no caso PSD, explicações seriam bem vindas, sendo porém pouco provável que apareçam. Tomar vai continuando a afundar-se, e isso nota-se cada vez mais nos detalhes do quotidiano. A falta de informação, por exemplo. A tradição já não é o que era.
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