terça-feira, 1 de junho de 2021

 

Imagem Rádio Hertz

Pré-campanha eleitoral

Mais um exemplo lamentável 
de provincianismo bacoco

É uma das principais maleitas do país, diriam o Eça ou o Ramalho, se ainda por cá andassem, o chamado provincianismo. Singularmente agravado quando quem é provinciano também é funcionário público administrativo. Temos então o chamado provinciano cafona, em brasilês.
A informação local paga pelo município, com dinheiro dos contribuintes, deu grande relevo à visita da ministra da coesão territorial para, imagine-se, inaugurar os arranjos da Várzea grande:
https://radiohertz.pt/tomar-ministra-da-coesao-territorial-esteve-de-visita-a-renovada-varzea-grande-e-nao-escondeu-que-gostou-daquilo-que-viu-c-video/
Quase 25 minutos de video e um texto de apoio, é obra. Que a visita ministerial não justifica de forma alguma. Mas manda quem paga. Propaganda pré-eleitoral.
Percebe-se a vinda da ministra. Acossada pela opinião pública, perante os fracos resultados da sua gestão errática, nomeadamente as obras da Várzea e da Nun'Álvares, a presidente-recandidata procura desesperadamente apoios.
Vai daí, pediu a vinda da ministra, que era presidente da comissão de coordenação regional da zona, quando foi congeminado o desastre da Várzea grande. A senhora aceitou, porque os ministros aceitam sempre estes convites para "ir à província", sabedores que são de não terem qualquer legitimidade democrática por essas bandas. Olhó Cabrita!
Foi isso que a candidata Anabela Freitas, provinciana e funcionária pública administrativa, cafona portanto, não entendeu, ou simulou não entender. No território da cada concelho, há apenas duas entidades de topo com legitimidade democrática, concedida pelo voto universal: o presidente da República e o presidente da Câmara. Todos os outros não eleitos, incluindo ministros e o primeiro  entre eles, são meros funcionários da República, de escolha pessoal e nomeação precária.
Em tal contexto, as declarações da ministra em Tomar, louvando a obras da Várzea e apoiando a gestão de Anabela Freitas, valem o que valem, pois a senhora não reside nem vota no concelho, não tendo portanto capacidade legal para avaliar o trabalho da presidente da Câmara. Será preciso lembrar que, desde as primeiras eleições autárquicas, os presidentes de Câmara deixaram de ser subalternos dos ministros ou do governo, na área dos respectivos concelhos?
Enquanto simples cidadã, a ministra tem todo o direito de emitir opinião. Como ministra não. Por conseguinte, as suas declarações em Tomar são totalmente descabidas, até porque passam um atestado de menoridade a Anabela Freitas e através dela aos tomarenses.
Andou portanto mal a presidente da Câmara ao convidar a ministra, em mais um gesto desesperado para tentar salvar o desastre da Várzea grande, que está à vista de todos. Está bonito? Depende do gosto estético de cada um. Valeu a pena? Não, porque foi demasiado caro e não serve rigorosamente para nada. Apenas serve, graças à repetição da fórmula "nova centralidade", para lançar um novo conceito urbanístico -a "nova centralidade periférica".

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