terça-feira, 22 de junho de 2021

 


Política local e obras

Uma fixação que parece patológica

Trata-se, uma vez mais, da obra falhada da Várzea grande. Acontece aos melhores. Resta então assumir. Só que em Tomar, nenhum eleito assume um erro. Muito menos uma senhora. Jamais! 
Situação assaz complexa portanto, pois coloca uma pessoa que não é da área médica na dúvida: Paranóia? Obsessão? Obstinação? Simples birra? Provavelmente nunca se virá a saber de forma clara. A não ser que entretanto o mandatário PS, conceituado médico radiologista, faça um diagnóstico e faculte os resultados em tempo útil.
Concluídas as obras e com as árvores secas, a maioria PS local avançou com o jargão dos arquitectos: Temos uma nova centralidade. E então os eleitores mais chegados a estas coisas interrogaram-se: Uma centralidade periférica? Uma contradição nos termos? Porque não admitir simplesmente que foi um falhanço?
Em vez disso, veio uma senhora ministra, que fez esperar o pessoal convidado em pé, durante meia hora, constando que regressou a Lisboa algo descontente, por não ter  havido um púlpito para discursar  no local a inaugurar. Não foi nada brilhante, de parte a parte,  lá isso não. Provincianismos.
Seguiu-se aquela cena das criancinhas a jogar minibásquete, para mostrar que afinal a Várzea serve para alguma coisa. Fraca demonstração, apesar de linda, pois aquele largo já era polivalente antes de ali se gastarem três milhões de euros em vão. Serviu para feiras, instrução militar, paradas, juramentos de bandeira, e finalmente parque de estacionamento. Com buracos, porque a autarquia nunca providenciou atempadamente, como era sua obrigação, a indispensável manutenção. Que até era barata. Apenas umas carradas de serrisca ou de  tout venant. Mas metia trabalho de pá na mão, e aí os funcionários...
Após tais tranquibérnias, houve pelo menos um ingénuo que pensou estar o assunto finalmente arrumado, seguindo aquela doutrina segundo a qual, quanto mais se mexe na coisa, mais mal ela cheira. Pois não senhor. A fixação de contornos patológicos continua.
Vamos ter mais uma série de eventos musicais no Mouchão. Para ajudar os conjuntos intervenientes e também para tentar acabar com o que resta da relva. Haverá portanto montagem de palco, transporte de cadeiras, emissão de bilhetes para controlar as entradas, montagem de tasquinhas e aluguer de sanitários amovíveis. Tudo com dinheiro dos contribuintes, pois as entradas serão gratuitas. Mas não se trata de comprar votos, não senhor. Nem pensar! É só em prol da cultura local e para ajudar os artistas. Os das cantorias; não os da política. Não seja maldoso!
Cereja no topo do bolo, já no final da época, em Setembro portanto, palco, cadeiras, tasquinhas, sanitários e o resto, vai tudo para a Várzea grande. Para que dúvidas não restem a ninguém, ali está previsto, sábado 4 de Setembro, se a pandemia deixar,  um concerto dos Quinta do Bill. Para provar de uma vez por todas que o largo agora lajeado serve mesmo para eventos culturais de envergadura. 
Não se vê muito bem como vão controlar as entradas, a lotação, ou as distâncias a respeitar, caso seja necessário. Mas isso são questões menores. Importante mesmo é que fique claro, de uma vez por todas: As obras de três milhões ficaram muito bonitas e são muito úteis. Agora e doravante, se alguém ali sujar os sapatos, será com pastéis de cão. Não com lama, essa porcaria.
Vivá Várzea grande útil!
Vivós eventos à borla!
Vivá gamela!

2 comentários:

  1. Não se trata de nenhum dos hipoteticos diagnosticos admitidos por A. Rebelo.
    Trata-se apenas do jeito PS de administrar e de governar. Do tipo, chutar para onde esta virado, ou, mais cientificamente, de aproveitar tudo quanto possa valer um votozinho.
    Quero dizer, as obras da Varzea Grande apareceram para aproveitar uns restos de dinheiros disponiveis na CCDRC. Por isso, não houve estacionamento, porque o dinheiro não chegava para tanto.
    Mas lá ficou a Varzera de cara lavada. Para quê? Logo se vê.
    Agora um concerto, depois um chinquilho, a seguir um desfile.
    mais tarde, uns joguinhos (atenção: e se alguem se aleija...?), e depois uma almoçarada.
    Planeamento? Ideia condutora? Lógica?
    Para quê?! Votos, que a vida não está facil. Até um estudante do IPT faz lista!

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  2. As obras da Várzea Grande espelham o status quo da "urbe"- virados para o umbigo, com obras de fachada sem acrescentarem qualquer valor até para o turismo (quantos turistas irão querer ver a várzea grande??), mas mais grave e dramático, retirando dinheiro que tanta falta faz à melhoria das condições de vida dos munícipes, em especial dos que habitam fora da zona urbana.

    Num concelho que em 2001 tinha 35% da população (42.915) com acesso a rede de esgotos domésticos e em 2017 reduziu para 34% da população com acesso a rede de esgotos (já considerando a redução brutal da população residente para 37.573 !!).

    Dados PORDATA disponíveis aqui:
    https://www.pordata.pt/DB/Municipios/Ambiente+de+Consulta/Tabela/5823270

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