Copiado do semanário Cidade de Tomar, edição de 11 de Junho de 2021, página 28, com os nossos agradecimentos ao autor e ao periódico.
Política local
DEFENDER O ADN DE TOMAR
"Desde que me conheço que tenho ouvido chamar Tomar cidade jardim, e desde sempre ouvi rasgados elogios ao Mouchão, pela sua beleza natural e também porque sempre se mostrou bastante cuidado, recebendo assim os nossos visitantes e sendo local de lazer dos Tomarenses, sem esquecer o célebre "banco dos namorados", onde muitos de nós demos os primeiros beijos furtivos.
É importante reter estas imagens para as confrontar com o verdadeiro desleixo e desprezo por um ex-libris de Tomar, como hoje acontece, transformado em terreiro de feiras e festas, como se fosse esse o ADN da nossa cidade.
Foi anunciado com pompa e circunstância um investimento de dezenas de milhares de euros, o programa Tomar ComVida, que pretende ocupar mais uma vez abusivamente o espaço do Mouchão, numa iniciativa promovida pela Câmara Municipal de Tomar, que deveria ser a primeira a defender a joia que pode ser o Mouchão.
É certo que hoje, por falta de habilidade negocial dos sucessivos executivos, não temos em funcionamento, devidamente remodelada, a Estalagem de Santa Iria que foi também ela própria um ex-libris de Tomar, à sombra do quadro da Festa dos Tabuleiros, da ilustre tomarense Maria Luisa Costa Rosa, desaparecido misteriosamente, sem que ninguém se importe.
Tomar tem que saber valorizar os espaços que tem, criando centralidades diversificadas que atraiam turistas e que constituam zonas de bem-estar para os residentes da cidade e da região. Tem de investir na reconstrução e embelezamento do Mouchão, porque esse sim, não é um investimento efémero, e não soa a algo que é feito num quadro de pré-campanha eleitoral.
Não se invalida em absoluto a iniciativa de apoio aos grupos locais, bem pelo contrário, mas continuar a estragar o Mouchão? Continuar a ferir a identidade de Tomar? Não!
Os nossos antepassados que se interessavam pela coisa pública, amavam esta cidade, e souberam fazer dum campo de milho e hortas, que era o Mouchão, um jardim que encantava e onde apetecia estar. Espero que o bom senso venha a prevalecer, e que os políticos tomarenses, tão interessados em conquistar lugares, saibam tomar posição nesta e noutras matérias.
Os eventos propostos para este espaço podem vir a ser realizados noutras áreas, havendo interesse e imaginação.
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Como nem tudo é mau, louve-se a iniciativa de Srª presidente de recuperar os tanques da Mata dos Sete Montes e estudar o uso da água para irrigação. Será que é desta que podemos imaginar o Aqueduto dos Pegões e os tanques da mata em funcionamento?
Aguardamos, porque Tomar vale a pena!"
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