quinta-feira, 3 de junho de 2021


A Várzea grande durante o Congresso dos bombeiros, em 1937

 Informação e autárquicas 2021

APOIO INCONDICIONAL AO TOMAR NA REDE

Meu prezado amigo e administrador do Tomar na rede:
Força-me o contexto a vir-te roubar tempo com ninharias. Antes de mais, felicitar-te pela sondagem sobre as autárquicas deste ano. A julgar pelos números, vai por aí uma agitação desgraçada. Disfarçada, como é costume. E o caso não é para menos, uma vez que os resultados já apurados, ainda que modestos, divergem um bom bocado daquilo que em geral se pensava. O avanço do Chega, por exemplo, deve ser assustador para as boas almas lambe-botas da actual maioria circunstancial.
Falei antes de números, porque estou deveras triste com a confirmação do comportamento infantil de muitos dos meus conterrâneos. 
Neste caso da sondagem, temos lado a lado a Polícia no Flecheiro, com 1.400 visualizações, Os indignados vendedores do mercado, com 3.600 visualizações e o balanço da operação Zeus-Flecheiro, 2.800 visualizações. Só depois, lá muito para baixo, aparece a referida sondagem, com apenas 807 visualizações.
Temos assim um exemplo flagrante da infantilidade de toda uma população, atraída por questões de lana caprina, mas que foge dos assuntos políticos, que são fundamentais, como o diabo da cruz. É que, além de apenas 807 corajosos cidadãos terem ousado, até ao momento em que escrevo, abrir a sondagem, com todos os outros decerto a benzerem-se, não vá dar-se o caso de ser obra demoníaca, vai-se a ver e só 141 votaram. Ora como a abstenção usual no concelho é de  cerca de 50%, metade de 807 são 404 (por arredondamento para mais), o que nos dá 262 moinantes que abriram a sondagem só para espiolhar. Deve ser a espionagem socialista em acção. De forma encapotada, como é usual.
Daqui concluo, com a habitual linguagem involuntariamente agreste, que os piores inimigos de Tomar são os próprios tomarenses, salvo excepções. E o pior é que a maior parte deles nem sequer disso se dão conta. Continuam convencidos de que estão a colaborar activamente no progresso da comunidade concelhia. Não há piores cegos...
Arrumada a questão das recriminações, segue-se um pedido. 
Durante a recente visita da ministra da coesão territorial, houve discursos no salão nobre dos paços do concelho, que não vou aqui reproduzir. Retenho apenas que  "Está de parabéns a senhora presidente pelas escolhas que fez. Espero que continuemos a ter presidente."
Pois eu tenho a certeza de que vamos continuar a ter presidente, de acordo com a vontade dos eleitores. Convém é que escolham outro nome, se querem que as coisas melhorem.
Mas não foi só, nem sobretudo, essa opinião ministerial que me levou a escrever estas linhas. O que aguçou mesmo a minha curiosidade foi a frase "Um novo bater de coração na Várzea grande." Vindo de uma senhora do governo, que não nasceu em Tomar nem cá vive -uma meteca, diria o Nini Ferreira- deixou-me de queixo caído.
Lembro-me da Várzea grande ainda campo da feira e de exercícios militares, com o padrão onde agora está a rodoviária. Lembro-me da Várzea grande antes de começarem a construir o palácio da justiça. Joguei lá ao pião e ao berlinde. Subi a muitas árvores, para colher e comer os "purinhos", umas bolinhas muito pequenas mas doces. Apesar de tudo isso e dos quatro anos de escola ali ao lado, nunca consegui ouvir o bater do coração daquele largo. Se calhar ainda não tinha.
Agora que já estou a ficar um bocado surdo, sou forçado a pedir-te um favor. Quando puderes, vai lá, senta-te junto a um daquelas árvores secas e escuta bem, a ver se consegues ouvir o tal "novo bater de coração", que deve ser o da "nova centralidade". Porque eu recuso-me a acreditar que a ministra tenha mentido deliberadamente, só para ornamentar, tal como fizeram na Várzea grande.
Obrigado pelo teu esforço.
Cordialmente,
António Rebelo

Sem comentários:

Enviar um comentário