segunda-feira, 14 de junho de 2021



Transportes públicos municipais

É TUT MUITO BONITO
MAS...

António Rebelo

Num oportuno e bem elaborado trabalho jornalístico, Tomar na rede informa sobre os resultados de exploração dos transportes públicos municipais, e denuncia que o executivo tomarense não publica esses elementos desde há dois anos. O habitual culto do segredo.
Sobre o balanço dos resultados dos TUT -Transportes urbanos de Tomar, recomenda-se a leitura da citada notícia, aproveitando-se a oportunidade para tentar ir um pouco mais além.
Em função dos números conhecidos, em 2019 a câmara pagou 1,43 euros por passageiro, num total de 162.833 euros, o que representa (tendo em conta que metade dos eleitores inscritos não pagam IRS, por estarem isentos) 9,56 euros por eleitor inscrito e pagador de impostos. Isto em 2019, antes da pandemia. É muito, não é?
Pois no ano seguinte, já em plena pandemia, ainda foi pior, apesar da redução da operação e logicamente dos custos operacionais.
A autarquia pagou globalmente, como compensação para prejuízos, 169.675€, o que corresponde a 3.09 euros por cada passageiro e 9,96€ por eleitor inscrito e pagador de impostos.
Tudo isto, ou seja um total de 332.508 euros de défice em dois anos, para fornecer transporte público acessível a 311 passageiros por dia em 2019, que passaram a apenas 150 diários em 2020. Menos de metade. 
De forma mais detalhada, em 2020, a linha azul transportou uma média de 89 passageiros diários e a linha verde somente 61 passageiros/dia. Não será uma despesa demasiado elevada para servir tão pouca gente?
Entrevistado pelo Cidade de Tomar, o candidato do VOLT queixou-se que a habitação é demasiado cara em Tomar, em relação às outras cidades do Médio Tejo. Não é só a habitação, mas quase tudo. A título de exemplo, um pequeno comerciante paga em Tomar pela água+esgoto+outras taxas, 30 euros/mês. O seu homólogo do Entroncamento não chega a pagar metade.
Que ninguém fique surpreendido, nem venham com a balela do "dizer mal". Trata-se de simples alinhamento de factos incontroversos. 530 mil euros para subsídios às coletividades, 332. mil euros para transporte público, 250 mil euros para os eventos musicais no Mouchão, 300 mil euros para a promoção turística, 812 mil euros para cobrir o défice da Tejo Ambiente, 250 mil euros para outras despesas com a cultura, só aqui já vamos nos dois milhões, 474 mil euros. Mesmo sem mencionar os 3 milhões espatifados na Várzea grande.
Tudo dinheiro que tem de vir de algum lado. O tempo em que o governo podia mandar imprimir notas à vontade, já passou. Agora o BCE está sempre a pau. E a dívida pública portuguesa já ultrapassa os 140%. Pior do que nós na União Europeia, só a Grécia e a Itália.
Concluindo, é TUT muito bonito, mas são votos demasiado caros. Má gestão evidente. Não há como disfarçar. Haverá coragem para mudar? Para acabar com os TUT? Para reduzir os eventos culturais à borla? Para baixar as taxas? Para acabar com a derrama?

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