Política local/Autárquicas 2021
ANTES DA CAMPANHA
A SITUAÇÃO DOS CANDIDATOS PS É ESTA
Na sua recente intervenção, aquando da apresentação dos candidatos a presidente de junta, Hugo Cristóvão deixou escapar um desabafo: "Não estou a ver grandes alternativas." Trata-se, é claro, de um mero descuido intencional. Todos sabemos, incluindo o próprio Hugo, que em democracia há sempre alternativas (é para isso que se fazem as eleições), que são todas iguais à partida. Nem grandes nem pequenas. Só após a contagem dos votos se pode concluir qual a sua dimensão real.
Antes da campanha eleitoral, a três meses das eleições, já se sabe que o PS-Tomar, embora não o queira admitir, está algo cansado e combalido, ao cabo de oito anos. Não pode apresentar um grande rol de obras, e as que fez integram dois grupos, aos olhos da opinião pública. No grupo das que lhe podem render votos há os subsídios, os eventos, as ajudas várias e os alojamentos sociais. Custaram muito para cima de um milhão de euros, mas ninguém pode prever nesta altura a quantos votos favoráveis vão corresponder.
No outro grupo, temos as obras propriamente ditas, quase todas falhadas, infelizmente para o PS, excepto as de saneamento, agora a cargo da Tejo Ambiente. Sobre a Várzea grande estamos conversados, o mesmo acontecendo com a Nun'Álvares. A do forum é mais uma asneira monumental, para estoirar quase um milhão de euros, fora as subsequentes despesas anuais de funcionamento, sem qualquer compensação. Cultura oficial a quanto obrigas e quanto custas!
Resta o quê? O Centro escolar da Linhaceira é uma coisa supérflua, tendo em conta a previsível evolução demográfica. Dentro de menos de 20 anos, será mais uma construção escolar devoluta, em conjunto com a dos Casais. As crianças virão todos os dias para a cidade. Fica mais barato e é melhor para a sua socialização.
Salva-se apenas desta razia a decisão sensata de suspender a obras na Estrada da Serra e na Praceta Raul Lopes, para pensar melhor e corrigir.
Mantêm-se os problemas que já existiam no início do primeiro mandato (Convento de Santa Iria, Palácio Alvim, Convento de S. Francisco, Estalagem de Santa Iria, Poluição do Nabão, falta de estacionamento na cidade e junto ao Convento, falta de sanitários cá em baixo e lá em cima, falta do parque de campismo, falta de palácio de pavilhão de congressos, falta de sinalização turistica, falta de técnicos qualificados, falta de um plano local de turismo, etc. etc.), cabendo contudo reconhecer que houve um grande esforço para tentar solucionar o problema do Flecheiro, infelizmente sem conseguir alcançar o resultado desejado. Pelo contrário.
Quando, nos idos de 77 do século passado, houve necessidade de mudar os ciganos ilegalmente acampados num terreno privado do alto de Santo André, junto à Praça de Toiros, os até aí nómadas eram menos de 30 e a autarquia cedeu o terreno municipal do Flecheiro. Foi a primeira grande asneira, de uma longa série.
Em 2021, graças ao esforço inglório de Hugo Cristóvão, já foram realojados cerca de 200 e ainda falta realojar 70. Num concelho cuja população diminui a olhos vistos, dá que pensar, lá isso dá.
O plano de realojamento dos ciganos era uma das propostas congeminadas pelo anterior chefe de gabinete, Luís Ferreira. Afastado este, por razões nunca explicadas de forma cabal, com ele se foram os detalhes susceptíveis de tornar o projecto eventualmente aceitável.
Não espanta por isso que tudo o já feito com tanto esforço, seja afinal um erro ou uma sucessão de erros, cujas consequências já se sentem e se vão agravar de forma crescente. Mostrando a nudez forte da verdade, em vez do manto diáfano da fantasia, cumpre dizer que o problema cigano nabantino não foi resolvido, mas pelo contrário bastante ampliado.
Até ao início do actual mandato, havia um problema social com os ciganos do Flecheiro. Gastos milhares e milhares de euros com a atribuição de alojamentos sociais, agora temos três problemas: Flecheiro (Bairro Calé), Senhora dos Anjos e Bairro 1º de Maio. Como se constatou recentemente, aquando de uma operação policial.
O sonho do falecido patriarca Pascoal, (com quem tive um bom relacionamento) está quase a tornar-se realidade. Dizia ele que só aceitava sair do Flecheiro quando a câmara desistisse da ideia de misturar os clãs e realojasse cada um deles numa das entradas da cidade. Já só falta um bairro na Estrada de Leiria, para realojar os 70 restantes, salvo erro do clã Fragoso.
Se é assim o progresso em Tomar, ainda bem que estou longe.
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