quinta-feira, 17 de junho de 2021

 




Política local 

EM TOMAR O TURISMO É UM SUCESSO 
MESMO COM CARÊNCIAS GRITANTES

Além dos aspetos abordados no escrito anterior, também o turismo local é um sucesso, um êxito, uma vitória, dizem os autarcas que vamos tendo. Ignoram que poderia ser bem mais proveitoso, se...
Na verdade, em Tomar, apesar das carências gritantes, o turismo só é um sucesso devido a dois fatores. O principal é que, mesmo sem estímulos externos, o turismo se desenvolve por todos os lados. Até já tive ocasião de visitar a pé a favela da Rocinha, (uma das mais perigosas do Rio de Janeiro, onde a polícia só entra com blindados e helicópteros), em tour organizado, com guia residente. Nada de extraordinário. É um pacote que se compra em qualquer agência de viagens da cidade .
O outro fator é o Convento de Cristo, a que se pode agregar. de quatro em quatro anos, a Festa dos Tabuleiros. Fora isto, é tudo fruto do acaso e quem procura conseguir louros nessa área, alegando que participou nisto ou fez aquilo, não passa de mero oportunista circunstancial, que procura pendurar-se.
Sem querer de forma alguma magoar, não posso contudo deixar de dizer que em Tomar não se sabe quantos turistas temos anualmente, quanto mais agora de onde vêm, por onde andam, quanto tempo ficam ou quanto gastam, e porquê. E sem estes elementos básicos, como saber o que fizeram ou o que querem? É tudo palpites, assim a ver se cola com a realidade.
O meu ilustre colega José Rogério, que sempre conheci como um moderado extremamente educado e cauteloso, ousou avançar em território quase virgem na área nabantina. Escreveu um texto sobre turismo, coisa raríssima em Tomar, o que é pena. (Pode ler-se o texto, no Cidade de Tomar de 18 de Junho, página 8).
Numa escrita agradável e documentada, Rogério elenca as potencialidades regionais e locais, após o que aponta problemas a nível citadino. Começa pelos focos de poluição do Nabão, continuando com as falhas da relva no Mouchão, a falta do parque de campismo, a ausência de estacionamento, as instalações sanitárias que não há, e termina com a necessidade de manutenção das tampas de esgoto e das sarjetas  na cidade velha. Não é pouca coisa! Devia ser mesmo motivo de vergonha para quem lidera a autarquia. Mas não é.
Isto da parte de um cidadão responsável e conhecedor, que nunca trabalhou nem trabalha em turismo, vendo por isso a realidade envolvente como um turista. Se fosse profissional de turismo, quase de certeza Rogério começaria por assinalar a total ausência de enquadramento técnico capaz na área do turismo nabantino, o que provoca lacunas gritantes na infraestrutura.
Além de ignorarem quantos visitantes temos por ano, os autarcas também não sabem de onde eles vêm, quanto tempo ficam, quanto gastam,  por onde andam e porquê, nem quais os problemas que encontram. Tudo elementos indispensáveis, cuja colheita é agora extremamente simples, graças aos recursos tecnológicos modernos, e sem os quais se torna muito mais complicado, ou até impossível, em termos práticos, implantar com acerto as estruturas de acolhimento que faltam. Sinalização, sanitários, postos de informação, campismo, estacionamento, animação, outros recursos disponíveis, tudo isto carece de informação prévia adequada, para depois modelar o turismo. Levar os visitantes a percorrerem a pé o que se pretende, a bem da iniciativa privada  local. O tal Plano local de turismo, que tanta falta faz. 
É claro que mesmo sem planeamento e equipamento adequados, continuará a haver cada vez mais turistas, logo que desapareça a pandemia. Mas ficarão menos tempo, gastarão menos e nem todos irão satisfeitos. Gastar quase meia hora à procura de lugar para estacionar, como acontece com frequência no verão, lá em cima junto ao Convento, é coisa que não se esquece. E retira a vontade de repetir a aventura cá em baixo.
Aguardemos com paciência dias melhores. Para os turistas, para os profissionais, para os comerciantes, para a fileira alimentar e hoteleira local.

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