quarta-feira, 2 de junho de 2021

 



Turismo

EM TOMAR REINA O DESENRASCA
E ESTAMOS CADA VEZ MAIS ENRASCADOS

Quem se interessa pelas questões económicas e pelo desenvolvimento regional, leu certamente a peça de Clément Guillou A ESTREITA VIA PARA OUTRO TURISMO, aqui publicado em tradução no dia um deste mês. Agora é Sandrine Morel, correspondente do Le Monde em Espanha, que deu um pulo às Baleares para recolher elementos sobre a crise que afecta o turismo no mundo inteiro.
Eis a parte final da sua crónica: "A ilha de Ibiza (Baleares), que depende a 80% do turismo, pode dispensar o negócio da noite? Segundo um estudo de 2019, feito por dois economistas da Universidade das Baleares, a indústria dos eventos nocturnos  representa 770 milhões de euros anuais, e vale 35% da ocupação hoteleira e do PIB  da ilha.
O mundo da festa nocturna é um grande elemento de atracção, e muitos visitantes deixarão de vir se as discotecas não reabrirem entretanto. Mas não sabemos quantos, 20% ? 50% ? Pergunta Manuel Sendino, porta-voz da Federação Hoteleira de Ibiza e Formentera, que sublinha que, em Maio 2021, dois terços do sector continuavam fechados, por falta de turistas. Entretanto, sem emprego, alguns residentes já começam a abandonar a ilha."
Em todo o mundo, os órgãos de  informação dedicam grande atenção ao mercado turístico, o mais afectado pela pandemia, em conjunto com o transporte aéreo. E em Tomar???
Em Tomar, tudo como dantes. Ninguém sabe quanto vale o nosso turismo, quantos empregos dependem dele, ou sequer quantos turistas nos visitam anualmente. A única referência credível é o número de ingressos no Convento de Cristo, à roda de 300 mil por ano, antes da pandemia. Quanto ao resto, é a escuridão total. Há, por exemplo, quem fale num milhão de visitantes para a Festa dos tabuleiros, mas as entradas no Convento em ano de tabuleiros aumentaram apenas entre 20 mil e 25 mil. Em que ficamos afinal? Só entre 6,5% e 8,5%  dos visitantes vindos para os tabuleiros é que resolvem aproveitar para visitar o Convento? Ou o pessoal dos tabuleiros entusiasma-se por bairrismo e tende a exagerar um bocado nos seus cálculos?
Temos também a autodenominada animação turística filipina, mas tudo aquilo é pago pela autarquia e nem se chega a saber em geral se houve muita ou pouca assistência, se eram turistas ou residentes, ou uns e outros. É sobretudo para comprar votos.
No meio de tal confusão, apenas uma triste certeza. Sobretudo durante a alta estação, de Junho a Setembro, os visitantes que  arriscam vir a Tomar têm em geral uma estada bem animada. Logo à chegada, para procurar estacionamento, tarefa quase impossível lá em cima, no exterior do castelo (apenas 50 lugares pagos para ligeiros e 7 para autocarros. Uma fartura para centenas de milhares de visitantes anuais, uma média de quase mil por dia, não é?). Segue-se a busca de sanitários que não sejam atrás das oliveiras, e depois o recurso ao GPS para encontrar a entrada do monumento, que a sinalização não abunda.
Terminada a visita, quem se arrisca a vir cá abaixo? Gato escaldado de água fria tem medo e pode bem acontecer que haja as mesmas carências de estacionamento, sanitários e sinalização. Para já não falar na falta de equipamento nas três praias fluviais da albufeira, e na margem tomarense do Agroal. Sem esquecer o antigo parque de campismo, que já foi dos melhores do país, e agora jaz praticamente abandonado nas margens do Nabão.
Procurando, na medida do possível, encontrar soluções para estas e outras maleitas do turismo nabantino, elaborou-se um plano local de desenvolvimento turístico, que foi proposto às entidades competentes. 
Esperava-se uma resposta do tipo "vamos lá marcar uma reunião, para debatermos esse assunto, sem qualquer compromisso da nossa parte". Surpresa das surpresas, a presidente nem respondeu. O seu vice respondeu em estilo ofendido, recusando a ideia. 
Isto da parte de quem representa uma autarquia que recebe centenas de milhares de turistas anualmente, não tem planos na área turística, e ainda não resolveu qualquer problema. Só os tem agravado, como aconteceu com o campismo. 
É o reino do improviso e do desenrasca, com cada vez mais enrascados. E as eleições já tão perto, com a sondagem do Tomar na rede a mostrar resultados que não são propriamente os esperados pela actual maioria.

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