quarta-feira, 16 de junho de 2021




Autárquicas 2021

HÁ ALGO QUE NÃO ESTÁ BEM
NAS CANDIDATURAS TOMARENSES

Quem por opção vive longe da terra onde nasceu,  tem forçosamente outra visão da política local. "Longe da vista, longe do coração" é um anexim bem conhecido, que todavia não me abrange. Gosto tanto da minha amada Tomar quando estou longe, como quando passeio na mata, visito o Convento, olho para o Nabão ou me sento ao fundo da Corredoura.
Também gosto dos meus conterrâneos, quer tenham nascido à sombra do castelo ou sabe-se lá onde. Sou tolerante, o que contudo não me obriga a deixar de pensar e dizer aquilo que entendo. Entre outras coisas, que não me sinto bem acolhido por algumas pessoas na minha própria terra, o que é um cúmulo. Porque se são intolerantes com um conterrâneo, imagine-se com um preto, um cigano, um muçulmano, um budista ou um judeu.
Outro traço caraterístico dos tomarenses, sobretudo dos políticos, além da manifesta intolerância que não admitem, é o culto do segredo, provavelmente ditado pelo medo de eventuais retaliações ou condenações. Resquícios da inquisição? Convém não esquecer que em Tomar funcionou o primeiro tribunal do santo ofício, lá em cima nas salas das cortes do Convento de Cristo, edificadas expressamente para esse fim.
Lendo a informação local e da região, salta à vista o abismo entre as candidaturas tomarenses e as de outros concelhos vizinhos. Nestes, cada candidato alarga-se em considerações, que incluem a explicação do que o levou a  apresentar-se e as grandes linhas do futuro programa.
Em Tomar nicles. A candidata da Sabacheira, por exemplo, mudou-se da CDU para o PSD, mas ainda não explicou quando, como nem para quê. Mesmo as candidaturas à Câmara, com o notável excepção do VOLT, pouco ou nada disseram ainda sobre a sua futura atuação.
O que não espanta. A própria candidata socialista, que está há oito anos no poder e fala pelo menos três vezes por semana à comunicação social, que controla em grande parte, quando questionada sobre a composição da sua lista foi extremamente clara, como habitualmente. "Vai haver uma afinação", eis a sua esclarecedora resposta.
Ignoro o que pensam os candidatos da minha terra. Ainda assim, peço licença para lhes lembrar (e digo lembrar, pois decerto já sabiam) que o segredo, o silêncio, a ocultação, a fuga à informação e à transparência, são próprios dos regimes autoritários. Não das democracias.
Parece-me portanto que há algo que não está bem nas candidaturas nabantinas. Façam o favor de arranjar um comportamento mais em conformidade com o país que somos desde 1974. Caso contrário, a abstenção poderá surpreender. Ninguém gosta de ser enganado..
Será pedir demasiado?

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