Autárquicas 2021
Muita simpatia, excelente oralidade
Mas convém não exagerar
Tinha prometido a mim próprio que não comentaria as entrevistas dos candidatos à Rádio Hertz, uma vez que já comecei a comentar as do Cidade de Tomar. Não se trata de nenhuma segregação. Apenas de optar pelo que dá menos trabalho. As entrevistas do CT são mais fáceis de seguir, porque já estão escritas, enquanto as da Hertz exigem escuta atenta e posterior alinhamento.
Repisando uma frase feita, o homem põe e a realidade dispõe. Apesar da minha relutância anterior, não posso abster-me perante uma candidata já no final do seu segundo mandato, que mesmo assim considera não estar em vantagem em relação à concorrência.
Controlar de facto quase toda a comunicação social local, não dá vantagem? Atribuir mais um subsídio de 4,95 euros a alguns trabalhadores municipais mais modestos, não dá vantagem? Liderar o aparelho administrativo municipal, não dá vantagem? Beneficiar da notoriedade do cargo, não dá vantagem? Ter viatura de função, não dá vantagem? Patrocinar eventos gratuitos, não dá vantagem? Subsidiar generosamente as colectividades, não dá vantagem? Realojar os ciganos,não dá vantagem?
Um módico de sinceridade, talvez não fosse pior. Assim, fica-se com a ideia que Anabela Freitas, ou esconde intencionalmente a verdade, ou tem dificuldade em situar-se no meio em que vive.
Outro tópico que me surpreendeu desagradavelmente foi a sua brevíssima alusão ao turismo, que considerou volátil, alertando para a inconveniência de se ater a esse único pilar. Creio que o problema é outro, mas já lá vamos.
Tal como a Figueira, a Nazaré, S. Pedro de Muel ou o Algarve vivem do turismo, porque o mar está ali, ao lado do aglomerado urbano, no interior do país acontece o mesmo. Alcobaça, Mafra, Batalha, Sintra, Óbidos, Évora, por exemplo, também vivem do turismo, porque a situação é a que é. Com ou sem pandemia.
Há contudo duas atitudes muito diferentes em relação ao turismo, a maior indústria mundial e a que mais se expande por toda a parte. Há por um lado os responsáveis públicos e privados, entre os quais os autarcas, que tudo procuram fazer para melhorar as condições de acolhimento e os gastos por visitante. E há, por outro lado, as entidades públicas, entre as quais as autarquias, que vivem em permanente contradição. Afirmam procurar desenvolver o turismo, e até gastam montantes consideráveis em eventos promocionais, ao mesmo tempo que suprimem infraestruturas essenciais e desprezam completamente a implementação de facilidades várias para os visitantes, com o argumento de que se trata de uma indústria volátil, com empregos precários e mal pagos.
Parece-me que é o caso de Tomar, infelizmente, podendo acontecer que a candidata Anabela Freitas disso se não dê conta, tal como sucede com a sua posição em relação às outras candidaturas, que considera não ser vantajosa.
Mas os factos aí estão. A candidata mencionou a habitação a custos controlados, a cobertura digital, as novas empresas tecnológicas, a mobilidade e por aí fora, mas quanto ao turismo praticamente calou-se. É pena, porque se trata do sector económico mais importante da urbe, quer se queira, quer não. E que poderia melhorar bastante, caso houvesse planos adequados e estaleca para os implementar. Desgraçadamente, até agora nem uma coisa nem outra. Nem sequer vontade.
Que venham as eleições!
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