quarta-feira, 9 de junho de 2021

 

Vista do forum romano  e parte do cardo máximo da cidade romana de Jerash - Jordânia


Ruinas ditas do fórum romano de Sellium - Tomar -Portugal


Política local- Alegadas ruinas do fórum romano de Sellium

OBRAS INTRIGANTES QUE QUESTIONAM

Começaram as obras ditas de musealização do fórum romano, nas traseiras do quartel dos bombeiros. Coisa para 600 mil euros no final, que está previsto para daqui a doze meses. Junho de 2022, portanto. E aqui surge a primeira pergunta: Sendo legal, não é de todo ético começar obras importantes, e nada urgentes,  com a duração de um ano, a três meses do final do mandato. Qual a intenção? Aproveitar enquanto é tempo? Deixar "a criança" nos braços de quem vier a seguir, caso o PS não vença?
Outras e variadas questões vão aparecendo, à medida que se vai refletindo sobre o alegado "fórum romano", a começar pela própria designação. Em que se baseiam afinal os que mencionam ali a existência de uma construção romana? Ao longo de mais de 40 anos, apenas nas declarações de uma arqueóloga, que nunca outras fontes credíveis confirmaram. Não é uma acusação ou uma suspeita, é um facto.
De cada vez que tomar a dianteira procurou referências académicas seguras, deparou-se sempre com o conhecido fenómeno da "pescadinha de rabo na boca". A srª arqueóloga cita determinado colega como referência, e este faz outro tanto. cita-a a ela. Toma-lá-dá-cá. Fica-se portanto na mesma, o que não é bom sinal.
Acresce que a referida arqueóloga também já publicou relatórios seus, nos quais consta que identificou vestígios muçulmanos, designadamente nas ruínas do paços do Infante D. Henrique, no castelo templário. Estamos portanto conversados, até mais clara e segura demonstração do achado.
Admitindo, contra toda a evidência disponível, que aquelas ruínas atrás dos bombeiros possam ser romanas, qual a sua utilidade? Não sendo monumentais, nem sequer assaz curiosas, não servem para o turismo, pois "não há nada para ver, é só pedras". Para quê então? (comparar fotos acima)
Para visitas de estudo das escolas? Para investigação científica? E para isso é necessário cobri-las e edificar pavilhões? Não bastaria manter o terreno limpo de ervas? E ter um guia habilitado e disponível no turismo municipal, quando solicitado?
Quem ganha com as obras que agora começam? Naturalmente o gabinete que projetou e a empresa de construção civil que ganhou o concurso. Mas é sabido que ambas as entidades são sempre boas fontes de onde escorre bastante água, por força do inevitável contexto. (aprovação, fiscalização, trabalhos a mais...).
Ganha igualmente, ou julga ganhar, a presidente que assim pode apresentar mais uma obra, que neste caso não é de fachada. É só desnecessária e por conseguinte do mesmo tipo da Várzea grande.  Estilo novo-rico parolo.
Vamos supor que, nas próximas autárquicas, Anabela Freitas não ganha, ou vence mas sem maioria absoluta. Qual o futuro das obras agora iniciadas?
Há a certeza, ou pelo menos fundadas esperanças, de que outra maioria possa votar a favor do que virá a seguir à conclusão das obras?
Não é pouca coisa. Receitas não haverá. Ninguém pagaria um cêntimo sequer para visitar aquilo, caso houvesse entradas pagas. Em contrapartida, as despesas certas e permanentes terão de ser avultadas, a menos que se deixe tudo ao abandono, como tem estado até agora, sem grande prejuízo para ninguém, diga-se em abono da verdade. Olhem para o tão falado "Museu polinucleado da Levada". Abre quando?
Entre pessoal de limpeza, manutenção, guardaria, direção e serviços  administrativos serão para aí entre 10 e 15 funcionários municipais, no mínimo. Mesmo que alguns possam vir de outros serviços, onde atualmente não têm tarefas atribuídas, já viram quanto isso vai custar por ano? E quanto vai pesar no orçamento de um município, cujas receitas vão diminuindo devido à perda de população, mas com despesas de pessoal que já ultrapassam os 40%?
Uma vez escrito tudo isto, e o mais que ficou na gaveta, aguardando melhores ares, a impressão dominante é que, muito provavelmente, os que aprovaram as obras julgaram benzer-se e afinal vão partir o nariz. Ou, para quem preferir, é mais um potente disparo que é bem capaz de lhes sair pela culatra. Falo só dos eleitos. Os outros resguardam-se sempre.
O problema é que alguns nem sabem o que é uma culatra, quanto mais agora o significado da expressão. Consequência negativa (mais uma) do fim do serviço militar obrigatório e do facilitismo post-25 de Abril. 
Cá se fazem, cá se pagam E todos pagamos todos os dias, de uma maneira ou de outra. Até os que se julgam mais finórios.

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