Mais uma festarola dita templária
É que não aprendem mesmo...
Durante anos e anos, ninguém nas margens do Nabão falou em cidade templária. Porque os tomarenses conhecedores sabem que, em bom rigor, a cidade templária foi lá em cima, na freguesia de Santa Maria do Castelo, onde está agora o laranjal. Durante o segundo mandato de Pedro Marques, ao ser-me pedido um tema para os pórticos de cada entrada da cidade, nos termos do contrato assinado com a J. C. Decaux, pelo então vereador PS LIno Cotralha, avancei a frase Tomar cidade templária, para complementar a balsa templária como ícone local.
Desde então, tem sido um fartar vilanagem. Até inventaram uma "festa templária" anual, quando é bem sabido que os pobres cavaleiros de Cristo, como o próprio nome indica, não eram dados a festas. Porque embora pobres cavaleiros, não eram certamente pobres de espírito, e a época não era para folias., ali para as bandas de Jerusalém.
Para cúmulo, resolveram os promotores da anacrónica festa anual inventar uma defesa heróica, aquando do único cerco ao castelo, que terminou passados seis dias "com inumerável detrimento dos homens e das bestas", (conforme consta na placa de mármore, do lado direito da escadaria de acesso à Charola), quase de certeza vítimas de doenças intestinais, provocadas pela água salobra do vale onde acampavam. Porque nunca constou que, durante algum cerco a um castelo, morressem bestas, visto os sitiantes estarem todos a pé, por razões óbvias. Ou já viram alguma vez tentar escalar uma muralha com alambor a cavalo? Nem no cinema americano, pouco dado a rigor histórico..
O Covid 19 provocou a interrupção da coisa e dos eventos em geral, o que não impediu a vereadora sempre em festa de insistir. Patrocinou uma série de eventos em pleno Mouchão, que terão ajudado à propagação do virus na zona.
Um ano mais tarde, nota-se que não aprendem mesmo. Numa altura em que os turistas são pouco e os que há não se metem em grupos, tal como acontece com os indígenas tomarenses, vá de lançar mais uma edição da festa templária que, afirma a vereadora, "goza de reputação nacional e internacional". Não tarda até mundial, mas pelas piores razões, acrescento eu.
Para iludir o povo ignorante, e agradar a quem manda, foi por ela anunciado que, por razões de segurança, não haverá desta vez o estrambótico cortejo nocturno, nem as "tasquinhas medievais". Mas haverá o resto. Seminário, cerco e teatro. Por alma de quem?
Não seria muito mais seguro e confortável para todos, senhora vereadora, pagar aos organizadores (que salvo erro são de Santa Maria da Feira) e restantes intervenientes, cancelando o evento?
Bem sei que, tirando as festarolas, e as idas a feiras promocionais de turismo, que também estão suspensas, a senhora ainda não mostrou outras capacidades, mas disso os tomarenses não têm culpa nenhuma. Nem mesmo os que, como eu, votaram PS, e agora estão cada vez mais arrependidos.
De forma que, por favor, tenha uma atenção para com a gente. Acalme-se. Sossegue. Serene. Deixe os eventos para a próxima câmara, caso ainda faça parte dela. Por agora, os tomarenses apenas pedem alguma tranquilidade. Até me escreveram nesse sentido. A mim, que estou aqui tão longe.
Será pedir demasiado?
Parafraseando Augusto Gil:
Que quem é um estupor
Sofra tormentos, enfim!
Mas os tomarenses senhor
Porque lhes dais tanta dor?
Porque padecem assim?
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