Turismo em Fátima
Um sério aviso aos adeptos
do museu dos tabuleiros
Em Tomar, a comunicação social engloba dois sectores. O mais importante, composto por quase todos os órgãos, é controlado de facto pela actual maioria PS, através do orçamento autárquico. Não publicam nada que possa beliscar a gestão camarária, como se compreende.
O outro sector, dois suportes, também não publica grande coisa que possa magoar os autarcas socialistas, embora disso sejam acusados, mas neste caso por manifesta falta de meios humanos e materiais. Quem não tem pé, não pode dar coice, diz o povo.
Estes dois parágrafos servem para melhor enquadrar uma notícia d'O Mirante, ainda não publicada na informação local, e que pode ler aqui:
Em resumo, se não teve pachorra para ler integralmente a notícia original, o assunto é este: Aproveitando a enorme afluência de peregrinos ao santuário de Fátima, que é o maior do país, uma empresa privada resolveu lançar-se na montagem de um parque temático, com 33 cenas da vida de Cristo em tamanho real, compostas com 210 figuras de cera.
A esse museu juntou 16 locais comerciais e um parque de estacionamento de dois pisos. O conjunto terá custado cerca de 12 milhões de euros, a custos de 2007. O empreendimento começou a funcionar em Abril de 2007, e a insolvência foi declarada dez anos depois, em Janeiro de 2017, com uma dívida global de 6,1 milhões de euros.
Os proprietários da empresa Vida de Cristo - Parques temáticos indicaram a quebra de afluência, que passou de 80 mil entradas pagas em 2010, para apenas 38 mil em 2017, como principal causa para a insolvência.
O conjunto da massa falida (museu, lojas e parque de estacionamento) acaba de ser vendido a uma imobiliária por apenas 1,1 milhões de euros, ignorando-se qual o novo futuro previsto para o empreendimento.
Este desastre empresarial, aqui tão próximo, deve constituir um sério aviso para todos os que desejam em Tomar o museu do brinquedo, o museu polinucleado da Levada ou o ansiado museu dos tabuleiros.
Se em Fátima, apesar dos milhões de peregrinos anuais, naquele que é o maior sucesso de turismo religioso em Portugal, o museu da vida de cristo durou apenas 10 anos e custou de facto mais de um milhão de euros por ano, (investimento inicial + dívidas), mesmo com entradas pagas que não eram nada baratas (7,5 euros/pessoa, para maiores de 12 anos), que esperam os entusiastas dos museus em Tomar? Que seja o orçamento camarário, os contribuintes, a pagar os elevados custos e mais lugares, bem remunerados, de funcionários municipais? Acham que os impostos ainda não são demasiado elevados?
Além disso, ignoram certamente que o modesto Museu municipal João de Castilho, que existiu no 1º piso do edifício do turismo, foi desmantelado no tempo do presidente Paiva, e nunca mais voltou a ser reposto. O que significa, em conjunto com os sucessivos adiamentos do museu da Levada, que Tomar não dispõe de recursos humanos qualificados nessa área. E sem recursos humanos...
Na mesma área, o Museu de arte contemporânea - legado José Augusto França, ali junto aos correios, não se pode dizer que seja propriamente um êxito de frequência, ou que fique barato aos contribuintes.
Nestas tristes condições, para quê ambicionar mais museus em Tomar? Para quem? Pagos com que fundos? Não será melhor pensar antes num prévio e adequado plano local de turismo, que englobe também essa matéria? O improviso, o depois logo se vê, só podem provocar desastres.
Um recente comentador do Tomar na rede, sugeriu a transferência dos serviços camarários para novas instalações, a edificar no Convento de S. Francisco, ficando os Paços de Concelho para cerimónias solenes e museu dos tabuleiros.
Felizmente para ele, a loucura (ainda) não paga imposto. Após obras ainda recentes de milhões de euros, para adaptar os Paços do concelho às necessidades actuais, qual a necessidade de ir gastar mais milhões para mudar de instalações? A administração municipal e os seus eleitos são a corte local, que vive num palácio real? Não há outras prioridades? A rede de esgotos mesmo ao lado, por exemplo, que ainda é a da idade média?
Museus inviáveis, obras viradas para dentro, por favor deixem-se de garotices de mau gosto.
Chega! (desculpem o duplo sentido)
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