Política local
PARQUES PARA CRIANÇAS
POLÍTICA INFANTIL
E O RESTO
Anotou ontem o Tomar na rede que 11 (onze) parques para crianças estão fechados, só restando dois em funcionamento. O do ex-estádio e o da Cerca. Fiel ao seu estilo, o dito blogue não comenta. Está-se porém mesmo a ver que semelhante razia de encerramentos não acontece por acaso. É bem capaz de ser o resultado de uma atitude deliberada.
Pensando um bocadinho, há mesmo um precedente bem conhecido. Os sanitários públicos também têm vindo a ser encerrados ou demolidos. Há apenas dois ou três em funcionamento, e o melhor deles nem sequer é municipal. Pertence à administração da Mata dos sete montes.
Continuando a matutar, cabe assinalar que a própria srª presidente, após os exageros ornamentais da Várzea e da Nun'Álvares, onde abunda a calçada dita à portuguesa, anunciou uma decisão estranha. Não haverá mais passadeiras pedonais em calçada. Disse que se estragam muito. Passarão a ser asfaltadas.
Ponto comum nestes três lotes, a evidente rotura unilateral do contrato implícito entre a autarquia e os cidadãos. Na origem, o chamado poder local existe fundamentalmente para servir os cidadãos, que em troca pagam os impostos necessários à sua ação. Julgo ser desnecessário lembrar que os funcionários municipais, tal como os estatais, são servidores públicos. Estão portanto ao serviço do público, do eleitorado que lhes paga.
Desgraçadamente, desde o 25 de Abril, reina na autarquia tomarense (e se calhar noutras, das quais não posso falar por falta de informação adequada) uma espécie de autogestão. Alguns funcionários assumiram que são donos da Câmara e passaram a agir em conformidade. Vão mandando encerrar, demolir ou modificar tudo o que possa implicar trabalho de limpeza ou manutenção. Foram os sanitários, agora são os parques infantis, seguem-se as passadeiras em calçada. Onde é que isto vai parar? Julgo que ninguém saberá dizer.
É geral o clima de impunidade. Não há queixas, nem inquéritos, nem processos disciplinares, muito menos punições, pois os eleitos precisam dos votos. Como dizia o Pangloss, "vai tudo bem. no melhor dos mundos possíveis". Haja eventos com fartura! À borla, é claro.
Agravando a situação, logo no primeiro mandato, Anabela Freitas reduziu o horário dos funcionários de 40 para 35 horas. Medida justa, sem dúvida. Todos sabemos que os funcionários municipais estão sempre carregados de trabalho. De tal forma que um dia destes um deles, já aposentado, publicou no Facebook um texto lastimando-se de ter andado a tapar buracos à pá na Várzea grande, e ninguém lhe agradeceu. O que evidencia duas coisas. Primeiro que ele está convencido de que fez algo extraordinário, ao cumprir a sua obrigação. Segundo, que afinal a Várzea grande foi lajeada também para evitar que os sacrificados funcionários municipais sejam obrigados a andar a tapar buracos com uma pá na mão.
Onde é que isto vai parar? Não sei. Estou até como escreveu o poeta: "Triste ando eu [eleitor], que sei ser o meu mal sem esperança."
Como se já não bastasse, uma desgraça nunca vem só. Em vez de procederem em conformidade com a lei, os senhores autarcas insistem em proteger os funcionários faltosos e condenam sem julgamento quem os acusa. É a política do ricochete, que quase certamente vai acabar por atingir também alguns eleitos.
Lá para Outubro já saberemos, mesmo sem feira de Santa Iria, que também dava muito trabalho.
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