domingo, 20 de novembro de 2022

Um navio de cruzeiro na lagoa de Veneza.

Turismo

As aparências iludem...

"Os especialistas do turismo livresco continuam a ter a certeza que o turismo a granel, de voos low cost, hostels baratos, e restaurantes de menu turístico, Uber e glovo é o meio para os países, ou os “territórios” se desenvolverem, fixar população, e melhorar o nível de vida.
Tomar em 5 anos quadruplicou o número de hostels, e curiosamente perdeu população.
O Turismo deste tipo granel não é sustentável, é predador dos locais, e só oferece ordenados mínimos com pouca qualificação.
Exemplos do Egito, Tunísia, República Dominicana,
Ns Europa desenvolvida industrialmente, cidades como Veneza, Barcelona, já impõem quotas de entrada a este tipo de turismo.ou limitam os regimes de tudo incluído a um número de bebidas alcoólicas sem pagar.
Países como o Brasil, onde o turismo é incipiente e com números diminutos em percentagem da população pelos vistos não segue estas doutrinas de hostels e promover o desenvolvimento turístico a granel.
O Turismo como os vinhos se for a granel não tem qualidade nem sobretudo valor acrescentado."

O comentário supra, copiado do Tomar na Rede, com a devida vénia, tem pelo menos uma virtude. Enumera o que considera serem os inconvenientes daquilo que designa como "turismo a granel". Infelizmente, avança também algumas falsidades, e mais parece um resumo do que mostram pensar os autarcas nabantinos. Donde o interesse de uma resposta ponto por ponto.

1 - Não há especialistas de turismo livresco, Há apenas quem se proclame especialista sem todavia o ser, pois no turismo é como a natação, que não se aprende por correspondência, mesmo com um bom professor, mas dentro da água, procurando manter-se a flutuar e ir avançando..
2 - Não há "turismo a granel". Apenas recursos mais baratos no transporte e no alojamento, para quem não tem meios para viajar de outro modo. Antes dos hostels, já havia aos milhares os bem conhecidos "caracóis" ou "mochileiros".
3 - É normal que nos últimos 5 anos Tomar tenha quadriplicado o número de hostels e perdido população. Por um lado, porque a autarquia não tem poderes para limitar de facto o número de hostels, como já é feito em Paris, por exemplo, nem para reduzir a vinda de turistas de baixos recursos. Está de mãos atadas nessa matéria. Fechou o parque de campismo e acabou por não melhorar nada, pelo contrário. Por outro lado, quem pode garantir que, sem o incremento dos hostels, o êxodo populacional não teria sido ainda maior?
4 - Os países citados pelo comentador só são de turismo de baixo nível económico por absoluta necessidade. Não conseguem encher os equipamentos de acolhimento de outra forma. O comentador podia até acrescentar a Turquia e todos os paises ex-comunistas, para ficarmos apenas pela Europa, onde a situação é idêntica.
5 - Veneza e Barcelona já impõem realmente quotas de entrada, mas não é ao turismo low cost. Procuram apenas limitar as "enxurradas" do turismo de cruzeiros, que a 1500 euros por pessoa/semana, não é propriamente dos mais baratos. Em Veneza, o sistema de cancelas de acesso é automático, funcionando de acordo com um programa informático. Logo que a quantidade de pessoas por metro quadrado ultrapassa determinados parâmetros em locais pré-definidos, as cancelas fecham. Só voltando a abrir quando houver menos gente nesses locais.
6 - A questão dos ordenados mínimos na hotelaria e restauração é um daqueles temas muito queridos dos nossos marxistas mal reciclados. Seria muito útil que explicassem em que setores de atividade de mão de obra intensiva, e com pouca qualificação prévia, há logo de início "bons ordenados com direitos", para usar a terminologia CGTP.
7 - No Brasil não há hostels com essa designação. Há pousadas, que podem ser ainda mais baratas e com maior densidade de camas por metro quadrado.
8 - A comparação entre o turismo low cost e o vinho a granel, que "não têm qualidade nem sobretudo valor acrescentado", mais parece para rir. Qualquer enófilo com mais de 50 anos sabe que o Abel Pereira da Fonseca, com o Valdor, e em Tomar o Albano Barreira, nomeadamente com o Canal 7, fizeram confortáveis fortunas a vender vinho a granel e sem grande qualidade.
9 - Agradece-se sinceramente o comentário bem intencionado de Rui Vieira, que foi muito útil para alinhavar estas explicações.

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