terça-feira, 8 de novembro de 2022



Eleitos locais
Exasperante

Foi um comentador do Tomar na rede que, sem querer, me alertou para o facto. Procurando justificar um seu comentário em linguagem mais dura, sobre o Hospício de S. Brás, alegou que já não tinha pachorra para tolerar gente menos capaz. E acertou em cheio, pelo menos no que me diz respeito. Lá vou aturando e arranjando pachorra, mas tenho cada vez mais consciência de que a situação política local é crescentemente exasperante.

Não tanto por haver eleitos e funcionários superiores da autarquia pouco competentes, incapazes e até calhordas. Sempre houve, em maior ou menor percentagem. A diferença é que, anteriormente os visados tinham consciência disso, revelando assim alguma envergadura intelectual, e tolerância para com os semelhantes. Agora não. Quer se critiquem, quer se proponham soluções diferentes, reagem mal, revelando alergia geral à crítica e total intolerância. Em quase 10 anos de governação, há apenas, que eu saiba, um único caso em que, perante as críticas, a autarquia aceitou parar para pensar melhor. Trata-se da requalificação da Praceta Raúl Lopes. É pouquíssimo, temos de reconhecer.

Incapazes de se auto-avaliarem, e raramente avaliados de forma capaz no sistema de ensino, julgam-se competentes, com arcaboiço, com gabarito, com envergadura, nunca se enganam e raramente têm dúvidas. São os melhores. Ou pelo menos é a imagem que procuram transmitir, embora lá no íntimo da cada um... Como explicar de outro modo a extraordinária situação tomarense?

Temos uma maioria autárquica, que em 9 anos de mandato já gastou mais do dobro das gerências anteriores, em subsídios a colectividades e eventos culturais gratuitos. Milhões de euros. Para quê? Naturalmente para comprar votos e procurar silenciar os descontentes. Basta olhar com alguma atenção para o panorama informativo local. Duas rádios, dois jornais e dois blogues informativos para quê? Onde é possível ter informações, análises, crónicas e/ou comentários, desalinhados em relação às posições oficiais da autarquia? Já no tempo do outro senhor, o Solnado dizia: "Há liberdade de informação sim senhor! Cada um lê o jornal que quer. Dizem é todos o mesmo!" Há cinquenta anos.

Na mesma área informativa, parece-vos aceitável que uma maioria socialista avance com um subsídio da ordem dos 70 mil euros, alegadamente para salvar empregos numa editora  com um jornal e uma rádio de direita, sob a forma encapotada de pagamento adiantado de publicidade? Naturalmente, os respectivos jornalistas nunca mais lobrigaram uma única borbulha negra, no alvo rosto do excelso executivo autárquico. (Julgam eles.)

Em todos os casos, os visados terão naturalmente as suas razões e as suas explicações, que todavia calarão, porque fogem do confronto de ideias, como os muçulmanos da carne de porco. Devem sentir lá bem no íntimo que realmente podem não estar à altura das circunstâncias. Compreende-se. Em certos casos, quem os critica já criticou os pais deles, que eram todos bem mais humildes e tolerantes do que eles se mostram agora. Como dizia o falecido sr. Pena Monteiro, ex-presidente da AM pelo PSD, "Tinham outra categoria, gente de diálogo...". Outros tempos, sem dúvida. Mas é pena, porque quem perde é Tomar, que todos dizem querer promover, e vai-se a ver, em nove anos já se foram 5 mil habitantes. Se calhar é do clima...





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