quarta-feira, 16 de novembro de 2022


Política local

Quando não há coragem, 

nem canais oficiais de debate 

e as leis não são iguais para todos...

Queixa-se o vice-presidente Hugo Cristóvão que há cada vez mais atos de vandalismo nos equipamentos públicos urbanos:

https://radiohertz.pt/tomar-episodios-de-vandalismo-pela-cidade-nem-o-parque-infantil-traquinas-do-nabao-escapa-ha-danos-na-ordem-dos-10-mil-euros/ 

Estamos de acordo. É realmente condenável e há que tomar medidas para alterar a situação e repor a normalidade. Convém, todavia, analisar previamente com atenção os desmandos em causa, de forma a evitar equívocos, sempre prejudiciais.

Do meu ponto de vista, de quem lê muito e já viveu bastante em vários países, há que distinguir, nos casos apontados por Cristóvão, dois tipos de vandalismo. Por um lado, a destruição voluntária de contentores de lixo e papeleiras, bem como as pichagens sem qualidade artística. Trata-se obviamente de atos de protesto, tornados inevitáveis por haver falta de diálogo e de canais de protestos, sem perigo de posterior retaliação. Suputo que alguns usuários do destruído skatódromo, a quem foi prometido um outro que nunca mais apareceu, sejam bem capazes de tais atos de vandalismo, isentos de proveitos materiais, mas que satisfazem intimamente quem os pratica. Estamos numa era de muita adrenalina, num país com muitos incêndios criminosos, e com jovens sabedores de que Nero incendiou Roma para assistir ao espetáculo.

Outra coisa são os constantes furtos de material, tipo grelhas de sumidouros, torneiras e material dos parques infantis, destinados a venda no ferro velho. Nestes casos, não há protesto político ou geracional. Apenas um paupérrimo modo de vida, em geral praticado por jovens de etnia cigana. Tal é pelo menos o caso no Entroncamento, por exemplo.

Em ambos os casos, urge tomar medidas, a começar pela instalação de videovigilância. Depois, talvez instalar o tal skatódromo como prometido, e aceitar a crítica, mesmo tosca, injusta ou feroz, sem mostrar intolerância ou proferir ameaças veladas, consiga acabar com o tal vandalismo de protesto, ou pelo menos reduzi-lo, como já aconteceu noutros municípios.

Já o caso dos furtos sistemáticos de material público de uso coletivo, para venda como sucata, é mais complexo. Além da indispensável videovigilância, há necessidade de adotar políticas iguais para todos. Os ciganos residentes são tão portugueses como quem escreve estas linhas. Têm, por conseguinte, os mesmos direitos, mas igualmente os mesmos deveres, o que significa que estão sujeitos a todas as leis do país. Carece assim de sentido que a Câmara proteja objetivamente aquela etnia, pretextando que são pobrezinhos, mas visando na realidade obter os votos respetivos.

A  experiência demonstra que é um erro muito grave abster-se de acusar, ou fazê-lo tarde e a más horas, tal como carece de sentido ser demasiado tolerante com intolerantes. Logo, quando haja atos de vandalismo, é indispensável apresentar queixa e exigir investigações, seguidas de resultados demonstráveis. Só pode encorajar os amigos do alheio, o fato de muito raramente serem julgados e condenados, porque coitadinhos. A impunidade é um bom incentivo para os marginais. Prova disso é que, quando aqui há uns anos, o prefeito de Nova Iorque anunciou uma nova política de "tolerância zero", verificou-se meses mais tarde que o crime diminuira na ordem dos 40%. Haja portanto coragem, além das lamúrias, e mãos à obra.


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