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Il faut savoir le dire
As coisas andam acesas, ali para os lados do caro colega Tomar na rede. O que é bom. Aumenta a audiência. Espevita a participação cívica.
Na sequência do episódio burlesco da placa identificadora do Hospício S. Brás, colocada no edifício da antiga Comissão de Iniciativa e Turismo, o leitor Carlos Coelho, que em tempos também comentava em Tomar a dianteira 3, escreveu algumas palavras pouco abonatórias para o autor da asneira, que teve a coragem de reagir em termos muito cordatos. Nem outra coisa seria de esperar de um académico conhecido.
Agora foi a vez de Carlos Coelho lhe responder, aconselhou-o a ler a mesma matéria no Tomar a dianteira 3. Bem visto, Carlos Coelho, mas repare: "Il ne suffit pas de le dire. Il faut savoir le dire." Ou seja, não basta dizê-lo. É preciso saber dizê-lo.
Isto era matéria para o querido colega Tomar na rede, onde todavia não voltarei a escrever, após dali ter sido compulsivamente afastado, graças à acção conjugada de duas ou três múmias marxistas locais. Agora aguentem!
Caro Rebelo, concordo perfeitamrnte com "Il faut savoir le dire" mas já não tenho pachorra para tanta falta de conhecimento sobre a nossa cidade, já não bastam os futricas da CMT, agora juntam-se os académicos, não é por acaso que temos uma câmara e um politécnico de alto gabaritmo.
ResponderEliminarMeu Caro Carlos Coelho
EliminarComo te compreendo! O mal é tão grave que até eu já começo a duvidar que tenha cura. Em todo o caso, neste pequeno desaguisado Carlos Coelho-Jana, salvou-se o essencial -a convivência. Tu foste forte e feio e o Jana soube ser um cavalheiro com punhos de renda. À chacun son style.
(Por ser longo, o texto segue em 2 ou 3 comentários.
EliminarObrigado)
Boa noite Prof. Rebelo
Espero que esteja tudo bem consigo.
Serve este para tentar esclarecer algo no que concerne aos seus textos de 4, 5 e 6 de Novembro. Se me permite vou inverter os esclarecimentos possíveis em relação às suas publicações.
No dia 6 de Novembro p.p., colocou fotos de sinalização espanhola, todas uniformes, indicando os respectivos lugares. Nada contra e penso até que uniformizar é certamente uma boa solução. Mas repare nos exemplos das suas boas fotos. Não estão na parede de um imóvel, seja ele público ou privado. São sinais verticais colocados em poste. E bem. Acredito que haja legislação para o efeito em Espanha mas, nos casos em apreço, as “flechagens” estão num poste.
Já as placas toponímicas devem estar na parede. É uma obrigação por parte dos proprietários. Mas que até existem problemas com tal, isso é uma realidade. Foi o que aconteceu após uma obra com a placa toponímica da Rua 4 de Infantaria, em Lisboa. Acabou o prédio mais antigo por ter que a receber em detrimento do local onde se encontrava, agora com edificado novinho em folha. Ou com uma placa toponímica da Rua da Prata que ficou depositada numa varanda de um 1º andar de um prédio. Ou ainda o que aconteceu num outro arruamento de Lisboa cujo contencioso só ficou resolvido com a colocação de uma placa do tipo 4 (placa de pedra assente em pilar) dado que o dono do imóvel tudo fez para impedir a sua colocação. E conseguiu. E dentro do normativo tem ainda excepções como é o caso da Avenida de Madrid, que mostrando a nível toponímico placas do tipo 5 (placas em azulejo normalizadas) resolveu realizar quatro placas distintas em azulejo que fogem ao normativo. E que as mesmas são lindíssimas e a preservar, disso não tenho dúvidas.
Mas, perto da placa toponímica que mostra algo escondida pela sinalização turística nas fotos espanholas (decorrente certamente da tomada de vistas), existem um ou mais cabos de comunicação. Se será uma obrigação por parte dos proprietários dos imóveis terem de deixar passar tenho algumas dúvidas. Sei é que temos casos em que os cabos são tantos e são mais grossos do que o meu braço. Mas já temos prédios que possuem essa cablagem que passa por debaixo de chão. Mas será mesmo por isso que existe e pagamos uma taxa dos direitos de ocupação de solo. Visualmente é uma enorme poluição e sem uma normalização que o prof. Rebelo tanto advoga para a sinalização.
Comentário - parte 2 por ser muito longo
EliminarMuito obrigado
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No que a placas de sinalização turística diz respeito, em trabalho apresentado em 2011 no Instituto Politécnico de Castelo Branco, João Neves e Fernando Moreira da Silva verificaram “a existência de 293 símbolos para sinalizar recursos turísticos além de mais 112 aplicados em sinais de trânsito.” Convinha normalizar, dirá o Prof. Rebelo e julgo que estaremos todos de acordo.
O Dr. Rebelo mostra primeiro a placa da TREF – Templar Route European Federation (de cor branca na notícia do dia 6/11/2022). Foi a placa no geral discutida entre as entidades que participam neste projecto e o modelo da placa portuguesa foi o adoptado por todos. No caso em apreço (a placa que está no turismo) está a ver a placa indicativa de que aquele local é interessante por um dado motivo. A tecnologia é, quando se quer e se usa para o bem, útil para o Homem. Neste caso, vai reparar que a placa tem o QR-Code e quem tem os actuais telemóveis, usando a respectiva aplicação (e muita gente usa os QR-Code para supermercados, etc.), acede a informação sobre o local e não sobre um destino a seguir ou a dele regressar. Neste caso, sobre o Hospício de S. Brás e igualmente sobre as ruas mais antigas, Costa de Cima e Costa de Baixo. O presidente da Comissão Científica internacional da TREF achou ser uma boa ideia e pediu já os layouts da placa para os mesmos poderem ser transpostos para certos locais de França. E o citado senhor chamou a atenção para que os elementos sobre a Ordem de Cristo deveriam igualmente constar da informação o que, aliás, já estava a ser feito.
Comentário parte 3 - por ser muito longo.
EliminarMuito Obrigado.
Ernesto Jana
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Vamos agora ao Hospício/Hospital de S. Brás. Disse que ele não é templário mas do período henriquino. Claro que sim mas permita-me recordar que a Ordem de Cristo é a natural continuadora da Ordem do Templo. Por acaso não está a pensar que as comendas templárias da França que tanto preza (e eu também pois sou igualmente francófono) não passaram para os hospitalários? Claro que passaram e o que resta das comendas templárias francesas é o somatório de muitas intervenções, templárias ou hospitalárias em anos mais recuados ou mais recentes. O caso da comenda de Avalleur é disso forte exemplo. A entrada tem duas pequenas torres de aspecto defensivo com cobertura do género piramidal, que flanqueiam a entrada. São estruturas interessantes mas… hospitalárias.
E o Hospício de S. Brás perguntará? Provavelmente é das estruturas mais antigas existentes em Tomar. Diz que, consultado o dicionário Priberan, este lhe remeteu vários significados sobre hospício/ hospital e passo a citar: [3 - Casa em que religiosos davam hospedagem a peregrinos e viajantes; 4 - Casa onde gente se hospeda ou abriga; 5 - Casa de acolhimento.] Mas o citado dicionário também lhe diz logo no início: hospitium, -ii, hospedagem. [consulta em linha a 8/11/2022].
Lamento informá-lo mas ao invés do que refere, estes estabelecimentos eram realmente tudo isso pois hospedavam quem precisava, tratavam quem necessitava e acolhiam quem disso esteva precisado. E esta estava situada onde? Na zona da Riba Fria, um local onde existia um caminho medieval e onde se fazia articulação entre a chamada Vila Debaixo, a Almedina (lá em cima) e o Arrabalde de São Martinho. Por favor leia Tomar Medieval, de Manuel Sílvio Conde, a páginas 93 a 95. De resto as escavações e/ou sondagens realizadas na Mata dos Sete Montes e nas Rua do Pé da Costa de baixo e de Cima revelaram presença medieval nos locais escavados (confira a pág. 341 de As Origens de Tomar. Carta Arqueológica, de Carlos Batata e editada pela Câmara Municipal de Tomar em 2020). A este respeito a placa da Mata dos Sete Montes foi colocada à entrada da mesma (em local público), não por ser um local templário mas por ser local da Ordem de Cristo, correspondendo à cerca que todos os conventos vão começar a ter. E a Ordem de Cristo é a continuadora natural da Ordem do Templo tendo também tomado posse do que é hoje a Casa dos Cubos, do castelo templário ou da Igreja de Santa Maria do Olival. Outros locais como as ruas dos Moinhos, de S. João ou Infantaria 15 foram templárias, depois da Ordem de Cristo e hoje de todos nós e também para elas foram realizadas algumas placas com recurso ao QR-Code. Ao se ir passeando observa-se uma destas 12 placas com QR-Code e acede-se a mais informação por meios digitais. E a flechagem como mencionava no seu texto? Esta placa não é para dizer por onde se vai nem por onde se vem. É somente para dar informação sobre aquele local e daí só ter o QR-Code respectivo.
Estou certo de que não terei que explicar isto ao Sr. Carlos Coelho pois ele não tem já “pachorra para tanta falta de conhecimento sobre a nossa cidade…” mas a si resolvi escrever-lhe estas breves linhas, repletas de indigência argumentativa.
Muito obrigado
Ernesto Jana
Desta longa, complexa e bem argumentada resposta do Dr. Ernesto Jana, que agradeço igualmente pelo tom, resultam para mim duas coisas:
Eliminar1 - Que o Simon, antigo comentador assíduo no Tomar a dianteira, era afinal o prezado conterrâneo Jana. Fico contente com o regresso, que espero tenha continuidade.
2 - Como bem escreve já quase no fim, "Esta placa não é para dizer por onde se vai, nem por onde se vem." Foi também isso que referi nos meus escritos. Não é de flechagem mas de identificação. E tem toda a utilidade, mas só para turistas eruditos, que praticam turismo cultural. Os outros, que são a esmagadora maioria, passam ao lado, não ligam a minudências, desde que completaram o ensino. E para esses, é indispensável a tal flechagem. Mostrar o caminho. Ensinar como e por onde ir. Continua a faltar em Tomar um bom plano geral de sinalização turística, adaptado aos tempos que correm. Boa saúde e boa disposição, prezado Ernesto Jana.