quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Promoção turística

É já o princípio do fim?

Começo por solicitar aos amigos que não me mandem mais gravações ou links de programas da RTP, mesmo no Youtube, porque não os consigo visionar. Aparece logo no ecrã a indicação "difusão online não autorizada no Brasil". Não me perguntem porquê, que eu também ignoro. E que grande ignoro, dizia o pastor alentejano da anedota.

Outra é a situação da SIC, que é difundida através de uma operadora paga. Há portanto autorização de difusão online, o que me permitiu ver o programa "Boa cama boa mesa", na sua edição sobre Tomar. Pareceu-me que, por razões que desconheço, houve boicote camarário quase total, de forma que o conteúdo ressente-se. É pobrezinho.

As imagens começam num ritmo de grande modernidade. O aqueduto dos Pegões visto de cima, a partir de um drone, em quase toda a sua extensão. Muito útil, muito bonito e muito  original. Os espectadores nunca mais vão poder ver, a não ser noutro canal televisivo, ou mediante nova filmagem. Mas, para além dessas percutantes imagens de abertura, muito pouco de novo.

O slogan "Tomar a última cidade templária do Mundo" é exagerado e não corresponde à verdade. Nunca, enquanto existiram a Ordem dos Templários ou a de Cristo, Tomar foi cidade. Apenas "notável vila". A Ordem de Cristo, os templários com outro nome, foi extinta por decreto real em 1834. Só dez anos depois Tomar conseguiu a categoria de cidade. E agora é, praticamente e cada vez mais, uma vila pouco notável, para grande tristeza minha.

Além desse óbice inicial, o programa denotou um certo parti pris, ou algo parecido. "Mãozinha" do Zé de Vale da Laje, ainda com a anta atravessada na garganta? Como dizem os castelhanos: "Não acredito em bruxas, mas não duvido que existem." Seja como for, por isto ou por aquilo, os únicos elementos "actuais" foram o baloiço da Cerca e o Hotel República. Tudo o resto que se viu, já existia há meio século atrás, quando apareceu o EXPRESSO, a casa-mãe da SIC.

Provavelmente, terá sido por isso mesmo que, da maioria socialista local não apareceu ninguém, contrariando o habitual. Ouviu-se o dono do Hotel República, falou o filho da Céu das Algarvias, dissertou a directora do Convento de Cristo, mas da Câmara apenas uma técnica superior do ambiente, cuja existência ignorava, falando junto à Charolinha, cuja gestão pertence ao Parque nacional da Serra de Aire e Candeeiros, com sede em Torres Vedras.

Nem Bèlita, nem Hugo, nem Filipinha, nem o Helder, (tão presente na recente homenagem a Rui de Carvalho). Porquê? Se não houve boicote, o que aconteceu para tanta indisponibilidade de políticos usualmente tão presentes?

Provavelmente a maioria socialista caiu na real, por uma vez. Excluindo o baloiço panorâmico, de paternidade controversa, nada do que a Câmara proclama ter feito apareceu no programa. Nem a Várzea grande "nova sala de visitas da cidade", nem o complexo da Levada, nem o açude do Mouchão, nem as obras nas avenidas, nem o museu de coisa nenhuma, dito do alegado fórum romano, nem sequer o Bairro calé, a joia da coroa. Uma vergonha. O primeiro indício do princípio do fim. Ou estarei a ver mal?

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