sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Feira de Santa Iria

Lérias estilo feirante

Os leitores sabem que sempre aqui se considerou a srª vereadora Filipa Fernandes como uma esbanjadora de recursos públicos, convencida de que está a contribuir para o desenvolvimento de Tomar e do concelho. É se calhar uma posição que alguns consideram machista, mas que fazer? Acham que, após oito décadas de vida bem vivida, ainda é possível adaptar-se às novas visões do mundo e das pessoas?

Mesmo esbanjadora, a srª vereadora tem várias qualidades, que aqui se mencionam com todo o gosto, para que não haja acusações de "problemas pessoais". Nota-se que é uma pessoa educada, simpática e bem disposta, sempre muito satisfeita consigo própria, e convencida de que nunca erra. Uma outra qualidade, é que responde sempre indirectamente aos críticos, sem nunca os mencionar, não vá dar-se o caso de ofender sem querer, devido a erro de pontaria.

A atitude e a argumentação da srª vereadora, lembram-me o saudoso conterrâneo e amigo, o já falecido Josué, vendedor de cobertores, mantas travesseiros, lençóis e outras utilidades domésticas nos mercados e feiras da região, sempre com o microfone ao pescoço e o som no máximo. Paz à sua alma, e longa vida de sucessos para a sua involuntária sucessora no ramo da propaganda, agora política.

Desta vez, falando ao mais velho semanário local que ainda se publica, numa conversa de senhoras, (CT de 04/11/2022, pág 9) Filipa Fernandes debitou algumas pérolas do seu vasto reportório, que não podem ficar sem adequada resposta. A primeira dessas preciosidades é um sofisma, que foi puxado para título da página: "A feira recebeu milhares de visitantes e apresentou o melhor resultado financeiro de todos os tempos."

Trata-se de conversa fiada, para mobilar e tentar "enrolar" o leitor, que tem de acreditar, mesmo sem provas, no caso dos visitantes. Foram mesmo milhares? Quantos milhares? Mais do que em anos anteriores? Nunca se saberá, porque não havia qualquer sistema de controle de entradas. 

Quanto ao "melhor resultado financeiro de todos os tempos", sob reserva de confirmação com documentos certificados, anote-se desde já que, com uma inflação superior a 10%, se o volume total de negócios não foi superior ao do ano passado em pelo menos 11%, estamos a navegar numa doce fantasia, que só engana quem nunca levou a economia a sério.

Justamente na área da economia, a srª vereadora conseguiu uma informação assombrosa, mais uma vez infelizmente sem números. Só blabláblá: "No dia do concerto do Abrunhosa, os restaurantes tiveram a melhor caixa do ano, e os hotéis também estavam cheios." Se assim aconteceu mesmo, estamos perante um caso de estudo. Ainda há pouco tempo se reproduziu nestas páginas uma reportagem do Jornal de Leiria, na qual se afirmava que os eventos locais pouco ajudavam os negócios circundantes. E Leiria vai crescendo, estando já com mais de 110 mil eleitores, e a subir. Em Tomar, pelo contrário, a acreditar nas declarações da srª vereadora, acontece exactamente o oposto: Os eventos são muito benéficos para os negócios locais, embora infelizmente Tomar continue a definhar, indo já nos 33 mil eleitores, e a descer. Coisas da vida, que faz falta esclarecer quanto antes.

Outro caso controverso, pretensamente esclarecido por Filipa Fernandes, foi a localização da Feira das Passas, que durante séculos teve lugar na rua dos Arcos, os velhos Estaus henriquinos. Considerou a eleita que não era possível voltar a pôr as passas no seu local de origem, por falta de participantes, que são agora muito menos que antigamente. Fica-nos a dúvida: Não será justamente porque os retiraram do local de sempre, que muitos produtores de frutos secos deixaram de vir? Por outro lado, se sendo menos, os feirantes já não podem ocupar os locais tradicionais, porque raio os cinéfilos, que também são muito menos, continuam a poder sentar-se no cine-teatro, em vez de irem para a biblioteca municipal, por exemplo? Poupava-se bastante energia, entre outras vantagens.

Aparece depois a outra justificação para a mudança de local da Feira da Passas, que até forçou uma segunda leitura, para acreditar: "Entendemos que ao colocar outro tipo de comércio na Rua dos Arcos, ganhávamos mais do que com as passas." Então, e ainda não entenderam que com entradas pagas, ganhavam muito mais com o concerto do Abrunhosa, por exemplo? Haja um bocadinho de coerência, que também é sempre útil.

A referência final vai para a afirmação triunfalista da srª vereadora, ao declarar que "a nossa dinâmica cultural tem colocado Tomar no mapa." Em que mapa, srª vereadora Filipa Fernandes? Nesta altura estou com aquele das cidades portuguesas que mais população perderam nos últimos dez anos, no qual Tomar aparece à cabeça, em parceria com Abrantes, onde o PS está no poder municipal desde o 25 de Abril. Já é azar!

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