Centro mágico de Natal
Estarei a ficar "lélé da cuca"?
Foi uma preocupação de alguns dos meus queridos conterrâneos, apoiantes da atual maioria autárquica, quando confrontados com os meus comentários cáusticos sobre a governação nabantina. Pretenderam saber se "ele está bom da cabeça", e houve até quem tivesse o desplante e a insolência de perguntar à minha companheira. Com amigos assim, não preciso de inimigos.
A julgar pela escrita, que é onde normalmente aparecem as primeiras falhas, segundo os médicos especialistas, parece que vai tudo bem. Escrevo com a mesma facilidade de sempre, agora também com a ponderação da idade. O resto, logo se vê.
Estas considerações prévias resultam das minhas dúvidas, em termos de sanidade mental, quando penso no anunciado "Centro Mágico de Natal" (só o título já é todo um programa), que custa aos contribuintes a módica soma de 215 mil euros por 24 dias, segundo o Tomar na rede. É tanto dinheiro só para divertir crianças, que me pus a dar voltas à cabeça.
Qual é o objetivo, ou quais são os objetivos? A câmara não esclareceu. Limitou-se a mencionar animação de Natal. Houve até uma curiosa informação da senhora presidente, esclarecendo que este ano não vai haver pista de gelo, "para poupar energia". O que significa que a despesa de 215 mil euros já é resultado de alguma poupança, por causa da energia. Que tempos!
Sejam quais forem as ideias da autarquia sobre a vinda de famílias dos concelhos vizinhos, para fazer compras, é pouco provável que tal aconteça, em tempos de frio e chuva, salvo em relação a Ferreira do Zêzere. Partindo desta constatação, que me parece de senso comum, fui consultar os resultados do recenseamento da população, do INE.
Havia no concelho de Tomar, em 2021, 3.714 crianças menores de 14 anos. Dado ser pouco natural que jovens além dos 7 anos vão divertir-se no tal "Centro mágico de Natal", dividindo aquele total por dois, temos 1.896 crianças menores de 7 anos no concelho. Dividindo os 215 mil euros por 1.896, obtemos um cociente de 113€/criança, por 24 dias de divertimento. É bastante dinheiro!
De tal forma que, para amortizar a despesa, uma vez que há duas atividades a pagar, a dois euros cada, cada criança terá de as usar 29 vezes! Terão os pais recursos para isso? A vida só está fácil para eleitos e funcionários do topo.
Desabafo final: Numa altura em que o BCE vai aumentando os juros, de forma a diminuir o dinheiro em circulação, e assim reduzir o consumo e a inflação, que em Portugal já ultrapassa os 10%, em Tomar faz-se o oposto. A autarquia vai aumentando o dinheiro em circulação, a pretexto de divertir as crianças, enquanto os pais andam às compras. Faz algum sentido? Ou simplesmente não entendem nada de macro-economia?
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