Executivo municipal
Dois enormes berbicachos
A crónica anterior foi pouco lida, e parece não ter agradado. Já se esperava. Em Tomar, praticamente ninguém escreve sobre economia, gestão ou contabilidade, porque não há leitores. E não há leitores, justamente porque pouco se escreve sobre tais temas. Quem, além de Sérgio Martins, José Rogério e Tomar a dianteira? A que convém juntar a mais recente doutrina, difundida por alguns raros eleitos toscos e sem escrúpulos: a situação económica nem é má, o cronista é que está sempre a dizer mal. A velha técnica milenar. A mensagem não agrada? Mate-se o mensageiro. Ou boicote-se, que a época não está para crimes políticos.
Em complemento da crónica anterior, procurando reduzir tais balelas a isso mesmo, seguem alguns dados novos. A evidente má gestão económica do município nabantino, não é uma opinião de Tomar a dianteira 3. Está documentada numa série de dados fornecidos pela própria autarquia, e publicados em suportes acima de qualquer suspeita, como é o caso do Anuário financeiro dos municípios, elaborado pelos próprios técnicos oficiais de contas.
Além do publicado anteriormente, Tomar não integra o ranking dos melhores municípios do distrito, em termos de gestão económica, de acordo com a pontuação estabelecida pelo Anuário financeiro:
1º - Abrantes
2º - Coruche
3º - Ourém
4º - Ferreira do Zêzere
5º - Chamusca
6º - Benavente
7º - Salvaterra de Magos
Tão pouco está Tomar entre os 100 municípios com melhor eficiência financeira, onde podemos encontrar Abrantes, Ferreira do Zêzere e Ourém. E não se culpe apressadamente o chefe da divisão financeira. Tal como qualquer magarefe, (em sentido próprio e não figurado), por muito bom economista e gestor que seja, só pode trabalhar com a "carne" que lhe fornecem. Todos sabemos bem ser impossível fazer por exemplo grelhados tenros com carne rija.
Por falar em magarefe, era costume nos talhos, quando a carne ainda não vinha toda embalada e pronta a levar, acrescentar um ou dois contrapesos, para acertar. Outro tanto acontece com a gestão municipal. Tem dois contrapesos, que são outros tantos berbicachos. O principal dá pelo nome de Tejo ambiente, bem conhecido dos tomarenses no final de cada mês, ou quando vão pagar a água e respectivas alcavalas.
Na classificação do Anuário financeiro, figura em 4º lugar a nível nacional, na lista das "Entidades com mais fracos resultados económicos em 2021." De forma mais detalhada, aparece em 17º lugar na listagem das empresas com maior passívo exigível: 103.314€ em 2019, 12.327.505€ em 2020 e 17.775.546, em 2021. Se isto não é um poço sem fundo, será o quê?
"Uma desgraça nunca vem só", costuma dizer o povo, também neste caso cheio de razão. A desgraça chama-se, assim à primeira vista e salvo melhor esclarecimento, Escola Profissional de Tomar. Qual é a desgraça? Tomar a dianteira 3 bem gostaria de saber, mas o executivo não informa, mesmo quando a isso é obrigado.
Tal como acontece com todos os outros municípios, o Anuário agrega a cada um as empresas de que fazem parte, o que os obriga legalmente a fornecer toda a informação disponível. No caso de Tomar, por razões que falta apurar, no quadro respectivo e a seguir a Escola profissional de Tomar, apenas há a indicação 50%, percentagem do sócio Município de Tomar. Para tudo o resto, designadamente volume de negócios, receitas, despesas, pessoal, alunos, instalações, apenas a sigla SI-sem indicação. Porquê? Coisa boa não deve ser, porque quem não tem nada a esconder, publica as informações legais. Mas o executivo municipal e a direcção da ecola não deixarão certamente de preencher tal lacuna rapidamente, até porque o PSD sempre esteve também ligado à escola, pelo que não pode deixar de solicitar informação detalhada. Entretanto Tomar a dianteira 3 pediu esclarecimentos à Escola profissional via mail, aguardando a resposta para a publicar no todo ou em parte.
Como dizia em tempos um conhecido conterrâneo: "Não temos sorte nenhuma. É só trambolhos e berbicachos."
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