Eleição interna no PSD nabantino

ENFIM UM CANDIDATO CAPAZ?

Maravilha do mundo moderno, graças ao vídeo editado pela Rádio Hertz, assisti à sessão de candidatura de Tiago Carrão à liderança do PSD local, praticamente como se lá estivesse. Mas estava de facto bem instalado à beira-mar, em Fortaleza, com sol, 25 graus celsius, e a sete mil quilómetros de Tomar, tendo à minha esquerda, a partir da varanda, o horizonte que se pode ver na imagem supra.

E todos os que dizemos, como Descartes, "je pense, donc je suis", sabemos bem a importância de um vasto horizonte, sobretudo quando se viveu durante décadas numa cova como Tomar. Segue-se que escrevo sem entravas externos de espécie alguma. Se agrada, tanto melhor. Se desagrada, por favor tenham paciência.

Tinha e tenho algumas reservas em relação a Tiago Carrão, com quem nunca tive o prazer de dialogar. Interpelei-o por duas vezes nestas colunas, na sequência de escritos seus, sem todavia ter obtido até agora qualquer retorno. Feitios! Foi por isso uma agradável surpresa esta sua intervenção para anunciar a candidatura, exceto quanto ao tom, que me pareceu de um autocrata procurando disfarçar

Mas se a forma terá forçosamente de melhorar com o tempo, caso se procure conquistar votos de indecisos, o conteúdo agradou. Não houve anúncio de medidas milagrosas e o candidato teve até o cuidado de nunca pronunciar a palavra turismo, o que em Tomar denota cautela, que como é sabido nunca fez mal a ninguém, tal como os caldos de galinha.

Parece-me que é preciso muita coragem para anunciar, após dez anos de colaboracionismo para esquecer, a abertura do partido à sociedade civil, e até -pasme-se!- a constituição de um "conselho de estratégia", integrando cidadãos independentes, para debater os problemas tomarenses e propor soluções. Trata-se de excelentes ideias que, a serem implementadas, poderão facultar ótimos resultados, quando comparados com a miséria criadora dos últimos anos. E Tomar carece urgentemente de novas cabeças, novas ideias e novos caminhos.

Escrevo tudo isto porque não está em causa a eleição de Tiago Carrão, uma vez que há apenas uma lista. Se outro fora o panorama, teria mantido um prudente silêncio, aguardando o resultado. Termino, desejando ao candidato boa sorte, que bem precisa, e esperando não cometer assim nenhum pecado de lesa-majestade. Isto porque vivo, sem querer, numa curiosa situação. Os mesmos cidadãos que se esforçam por ignorar e boicotar o que vou escrevendo, apressam-se a condenar alguns propósitos meus, que consideram impróprios de um socialista. Quem lhes garante que continuo socialista, deste PS que temos agora? Com que legitimidade me criticam? Em nome de quem ou de quê? Um módico de tolerância só faria bem.