quinta-feira, 3 de novembro de 2022


Transporte aéreo

BRUXELAS IMPÕE PRIVATIZAÇÃO DA TAP

PS apenas vai tentando adiar

Ao contrário do noticiado pela informação portuguesa, a anunciada privatização da TAP, ainda sem data marcada, não é uma decisão do PS, mas sim uma imposição da União Europeia. O artigo seguinte, traduzido do LE MONDE online de hoje, e assinado pelo jornalista de economia Jean-Michel Bezat, revela isso mesmo.

"Transporte aéreo europeu: 

o brusco recomeço da luta franco-alemã"

"Directivas de Bruxelas e mudanças governamentais agitam o final da consolidação do sector, marcado pelos processos de privatização da ITA Airways e da TAP Air Portugal."

"Já não há lugar para os pesos médios no transporte aéreo europeu, onde a consolidação chega agora ao fim, com a privatização de duas companhias de bandeira: ITA Airways, nascida do desmembramento da ALITÁLIA no final de 2021, e TAP Air Portugal, nacionalizada de urgência em 2020.

Em ambos os casos o consórcio franco-holandês Air France-KLM e a alemã LUFTHANSA estão interessados, atraídos pelo mercado italiano, pela África e pelos voos intercontinentais, nomeadamente para os Estados Unidos. Desde Agosto que se considerava o caso italiano (quase) resolvido. Surpreendendo todos, Roma declarara então a sua preferência pela oferta do fundo americano Certares, em conjunto com dois sócios comerciais -o grupo Air France-KLM e o americano DELTA Air Lines.

Inesperadamente. Giorgia Meloni, nova primeira-ministra italiana, acaba de reabrir o processo. E mesmo nacionalista como é, poderia aceitar uma privatização mais acentuada, desde que o interessado seja um parceiro mais industrial que financeiro. Exactamente o perfil da alemã LUFTHANSA, que em Agosto estava pronta a ficar com 80% da ITA, em conjunto com o grupo italo-suiço MSC, lider mundial do transporte marítimo, por 850 milhões de euros.

Este consórcio declarou no passado dia 2 que "continua interessado numa verdadeira privatização, que dê garantias em relação a uma eventual nova intervenção do Estado italiano".

O consórcio franco-americano não apresenta o desejado perfil industrial. Além disso, a Comissão Europeia proibe Air France-KLM de investir mais de 10% na ITA Airways, enquanto não reembolsar as ajudas do Estado, obtidas em 2019, para ultrapassar a crise da pandemia de covid 19.

Caso perca em Itália, poderá o grupo Air France-KLM ganhar em Portugal, cujo governo -também forçado por Bruxelas- tenciona privatizar a TAP Air Portugal? O director-geral do grupo franco-holandês, Benjamin Smith, acaba de confirmar que está aberto a uma "parceria", ou mesmo a  uma "tomada de posição" na companhia portuguesa, que conseguiu um notável 3º trimestre em termos de resultados operacionais, e tem vindo a reduzir os prejuízos, mas a sua recuperação é frágil e há a necessidade absoluta de se juntar a um grupo grande.

O problema das "legacy airlines" (companhias aéreas que operam em regime de relativo  monopólio), continua a ser a concorrência das companhias de baixo custo. Concentradas nos voos curtos e médios, que estão em plena expansão, mais ágeis e dispondo de liquidez, ultrapassaram a crise sanitária sem grandes danos. Mesmo se a britânica Easyjet apresenta em 2022 o seu 3º ano consecutivo de prejuízos.

Há igualmente hipóteses de consolidação num mercado em que as "super low cost" Ryanair (Irlanda) e Wizz Air (Hungria) declararam guerra às "low cost de gama alta", simbolizadas justamente pela Easyjet britânica.

Jean-Michal Bezat - LE MONDE online"

1 comentário:

  1. Entretanto o Zé Povinho já entrou com mais 3 mil milhões de euros ,pela mão do governo depois de Pedro Nuno Santos fazer mais uma birra ideológica !

    ResponderEliminar