quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Imagem Tomar na rede, com os agradecimentos de TAD3.

Habitação a custos controlados

Mais ciganos?

É uma daquelas cenas típicas das autarquias com eleitos habituados a viver à custa do Estado e de Bruxelas. Geralmente funcionários públicos sentados, que vieram para a política para tentar progredir em termos de remuneração. Na passada sessão do executivo nabantino, a vereadora do PSD informou que havia 12 milhões de euros da U.E. disponíveis para gastar em habitação até 2025, e perguntando quais as intenções da maioria PS.

Como numa peça de teatro rural, o vice-presidente informou logo que a autarquia ia construir 140 alojamentos, dos quais 100 de renda limitada, segundo a Rádio Hertz. Mais 140 alojamentos públicos para quem? A crença de que os jovens não se fixam em Tomar por falta de alojamento, não passa disso mesmo -uma crença. Porque, em última instância, sempre têm a habitação dos pais. Ou estão a considerar os alunos finalistas do Politécnico, que só vieram estudar para Tomar à falta de melhor, e que naturalmente retornam às suas terras terminado o sacrifício?

É que mesmo esses, estão em igualdade de circunstâncias com a juventude tomarense. Ainda que quisessem, não ficam em Tomar porque não há empregos, nem suficiente qualidade de vida, numa cidade pequena com cada vez menos população. Ou seja, salvo melhor e mais fundamentada opinião, os nossos autarcas estão a ver o problema às avessas. Em vez de facilitarem primeiro a criação de empresas geradoras de empregos produtivos e atrativos, começam pela construção de habitação de renda económica, paga com os nossos impostos, embora não pareça.

A questão da habitação em Tomar é de resto algo de que se fala praticamente desde o 25 de Abril, quando a população ainda estava a aumentar. Houve até uma bela ideia, nos tempos da AD, anos 80 do século passado. Tratava-se de ampliar o bairro 1º de Maio, edificando nos logradouros com construções clandestinas imóveis de três pisos, semelhantes aos do bairro da Caixa. Depois era só realojar os atuais habitantes, e demolir as casinhas existentes. Ficava-se assim com 300 alojamentos em vez de 100, e muito espaço livre para ajardinar e instalar equipamentos urbanos.

Aparentemente a ideia morreu, se calhar porque não era assaz sumarenta para os senhores técnicos superiores municipais. Fala-se agora em construir alhures, designadamente na Choromela. Segundo notícias de hoje, a Caritas de Beja identificou 280 sem abrigo na cidade. Muita gente a precisar, quando comparada com Tomar, onde a Caritas fornece alimentos a pouco mais de cem pessoas com dificuldades. E quanto a pessoas sem abrigo, segundo a autarquia, falta apenas realojar 30 acampados do Flecheiro, onde no início havia 230. Nestas condições, as anunciadas 140 habitações serão afinal para quem? Há a certeza de que não virão mais ciganos, para beneficiar das para eles excelentes condições de vida em Tomar, onde lhes dão casa, comida, rendimento mínimo e impunidade, exigindo em troca apenas a escolarização dos filhos?

É importante apurar, porquanto, embora seja muito desagradável, a verdade é que a experiência mostra algo extremamente grave: em todos os locais onde os ciganos se instalam, a população anterior tende a afastar-se. Basta ver o que aconteceu com os apartamentos e lojas da av. Nun'Álvares, em grande parte desocupados. Ou com os terrenos disponíveis, onde ninguém arriscou construir. Pode ser que agora, com a imensa zona relvada de lazer, pelo menos os amigos dos cães se resolvam...

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