quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023


Vista do "Bairro Salazar", de 1950, "Bairro 1º de Maio" depois do 25A.

Casos sociais

A caridade mal organizada 

custa a todos e só beneficia alguns

Retenho três notícias do habitual "tour d'horizon" desta manhã, duas nacionais e uma internacional. Nas nacionais, a polémica entre Marcelo Rebelo de Sousa, Montenegro e Moedas, sobre imigração, é de todo inesperada e inoportuna. Moedas foi certeiro na resposta. Disse que foi emigrante, é casado com uma emigrante árabe, tens sogros emigrantes e por isso não aceita lições de ninguém "De ninguém", frisou. Marcelo terá percebido que desta vez se excedeu.

Esta imagem, copiada do Le Monde, mostra uma família colombiana a tentar entrar clandestinamente nos USA, a partir do Canadá. A julgar pelo vestuário, bem como pelo tamanho e quantidade das malas, não se pode dizer que sejam emigrantes pobrezinhos, a necessitar de auxílio social. Quando fui para França, nos anos 60, levava uma mala de cartão pequena, com 8 quilos. Outros tempos, outros costumes...

A segunda notícia é d'O MIRANTE e refere-se a habitação social. Relata que há, na Azambuja, um bairro social com 60 casas, onde nenhum inquilino paga a renda. E a Câmara  tem-se mostrado incapaz de providenciar. (Olhós votos!). Apesar da evidente desgraça, os azambujenses têm ainda assim alguma sorte. Ficam a saber que a sua autarquia não consegue cobrar nenhuma renda, num bairro de 60 casas. Já é alguma coisa em termos de informação.
Em Tomar, nem isso. Ainda nenhum órgão de informação abordou o assunto, porque o medo é que guarda a vinha, e nunca se sabe. Ocasião portanto para apresentar à actual Câmara, especialista em caridade, uma pequena série de perguntas pertinentes:
1 - Nesta altura, o Município é dono ou senhorio de quantas habitações sociais no concelho?
2 - Desse total, quantas estão ocupadas, quantas estão livres e quantas carecem de obras?
3 - Todos os ocupantes desses alojamentos pagam renda? Qual o montante de cada renda?
4 - No total de inquilinos, quantos são rendeiros de origem, e quantos são herdeiros?
5 -A Câmara tem providenciado no sentido de saber se o rendimento global de cada família continua a ser compatível com a ocupação de uma habitação social?
Numa altura em que tanto se fala da falta de alojamento, e de habitação a custos controlados em Tomar, era capaz de ser oportuno conseguir a informação referente aos cinco pontos anteriores. Têm a palavra a maioria PS, para a fornecer, e a oposição para avançar como saca-rolhas. Como aconteceu, com êxito, no recente caso do falso "Plano de hospitalidade turística". (Ver crónica anterior)
A terceira notícia é para calar  de antemão os eventuais críticos do tipo "lá vem este gajo chatear outra vez, para quê?" O governo francês, que não é conhecido por andar a dormir, acaba de publicar uma lei, nos termos da qual cada proprietário de um alojamento, social ou não,  é obrigado a declarar -até Junho próximo- quem lá mora, a que título e quanto paga. Esclarece a notícia, que são 34 milhões de proprietários de imóveis, num país de 65 milhões de habitantes...
Em comparação, numa terra de 40 mil habitantes (por enquanto!), não deve ser difícil proceder à recolha dos dados, e informar a população sobre cada um das centenas de alojamentos sociais, custeados por todos nós. Vamos a isso?


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