sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Imagem Tomar na rede (retocada), com os nossos agradecimentos.

Comunidade cigana em Tomar
Assustador clima de medo e impunidade

É bem sabido que quem está em cena, não consegue ver tudo em simultâneo. Só quem está observando de longe consegue abarcar a totalidade do palco ao mesmo tempo. No preocupante caso da comunidade cigana nabantina, factos convergentes vão contribuindo para adensar um assustador clima de medo e de impunidade, mais evidente quando estamos longe e vemos as coisas "de fora". 
Nestes últimas tempos, três ocorrências ocuparam as colunas da informação local. A série de roubos numa loja de roupa na Corredoura, a bárbara agressão a dois militares da GNR numa discoteca e o recorrente barulho nocturno no Bairro calé, à ilharga da GNR.
No caso dos roubos, as delinquente reincidentes acabaram por ser julgadas e absolvidas, uma sentença que fora do tribunal praticamente ninguém entende nem aceita. Fala-se na cidade de medo de quem julga, de roubos por encomenda, para posterior venda nas "boutiques ciganas" do mercado, frequentadas por magistradas e famílias de magistrados. Houve até pelo menos um comentador que avançou o impensável, num blogue: Haverá negócios de pó entre ciganos e magistrados.
A bárbara agressão dupla, numa boite local, contra dois GNR alegadamente fora de serviço, tem muito que ainda não foi escrito. Desde logo o local de residência e os antecedentes criminais do agressor. Segue-se a peculiar fúria contra dois agentes da autoridade, mesmo fora de serviço. E depois o próprio facto de ter resolvido entregar-se na PJ, quando ainda ninguém o procurava, como que a dizer, apoiado na sua própria experiência: -"Não tenho medo nenhum. Vocês não valem nada." Situação que se veio a confirmar, pelo menos para já, ao ser-lhe imposto apenas um termo de identidade e residência, sem qualquer controlo ou obrigação de se apresentar periodicamente às autoridades. Porquê? Pareceu normal ao meritíssimo que um delinquente, manifestamente perigoso e reincidente, possa andar por aí em liberdade e sem qualquer controlo?
Finalmente o caso do Bairro calé, que é cómico e até daria para rir, não fora o sofrimento dos conterrâneos que têm a infelicidade de residir nas proximidades, e que merecem todo o respeito. Em resumo, para resolver o problema do Flecheiro, a maioria PS decidiu mandar edificar um pequeno bairro de pré-fabricados, colado ao hipódromo da GNR, mesmo à ilharga do respectivo quartel, a antiga prisão comarcã de Tomar. Mudaram então o clã Pascoal para o outro lado da linha, assim agravando o problema, em vez de o solucionarem. Havia um só acampamento, no Flecheiro. Agora há vários na cidade.
Com efeito, embora vizinha de terreiro, a GNR não pode intervir naquele bairro, porque o mesmo está na área urbana e os militares só têm competência na área rural. Daqui resulta a tal situação caricata. Quando há barulho nocturno ou desacatos, o que é frequente, alguém está a ver o graduado de serviço a telefonar para a PSP, tipo  Solnado a falar com o inimigo: "Ó camaradas PSP! Acudam-nos que isto aqui está um inferno e não podemos fazer nada, porque não temos competência nesta área" ?
Do lado da PSP, o constrangimento é grande, quando são chamados pelos moradores incomodados. Parece que estou a ouvir a bófia, como dizem os calés: "Que porra! Quatro da manhã e ter de ir resolver uma questão mesmo ao lado dos GNR! Porque é que aqueles gajos não tratam do assunto? Assim não saímos da cepa torta. Perdemos tempo com papéis e depois são sempre absolvidos. Andamos a trabalhar para o boneco. no caso para a foto nas redes sociais."
Parece óbvio que, num clima destes, só não muda de terra quem de todo não pode. E vamos decaindo cada vez mais como comunidade humana. Tudo porque as autoridades e os eleitos se encolhem, facilitando o alastramento da ideia de impunidade entre a comunidade cigana. Até quando?

ADENDA 

Para poder comparar maneiras de actuar, eis um exemplo de Fortaleza - Brasil. Aqui no prédio, virado para o mar, há 120 apartamentos, boa parte parte alugados a turistas como alojamentos locais. Os turistas estão de férias e por vezes abusam, designadamente com música nocturna.
A partir da 10 da noite, quando o excesso de barulho se mantém, chama-se a Polícia Militar (equivalente da GNR), que demora pouco tempo a chegar. Começam por falar com quem se queixou, para saber qual a origem da queixa, e logo depois vão bater à porta ou portas indicadas.
Cumprimentam com continência militar, solicitam a identificação a cada um dos presentes, tomam nota e informam que devem reduzir o volume sonoro. -Se o não fizerem e tivermos de voltar -acrescentam- serão detidos por desacato nocturno e desobediência à autoridade. É quase sempre remédio santo.  A mostrar que em Tomar, o que falta é a autoridade autárquica assumir-se como tal, transmitindo as respectivas instruções à PSP e à GNR.
Tanto uns como outros são obedientes e sabem o que é a "cadeia de comando". Aceitam portanto com naturalidade que "manda quem pode e obedece quem deve". Mas se quem manda não exerce esse poder, lá vem a velha frase do tempo da guerra colonial: "Quando o mar bate na rocha, quem se lixa sempre é o mexilhão." A população... 

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