Escolha do provedor do munícipe
Próximos episódios
da novela "Provedor dos agastados"
Já aqui foi escrito anteriormente que somos europeus, mas periféricos. Prova disso é que nesta altura, dos 27 governos da UE, só dois são socialistas -Espanha e Portugal. Podendo parecer que não, mostra toda a diferença. Evidencia dois modos de estar e de pensar. No nosso caso o europeu e o "à moda de Tomar". Por exemplo, aquele modelo para escolher o gestor de uma festa que custa 800 mil euros, por voto de braço no ar de uma ou duas centenas de pessoas, num concelho com 33 mil eleitores, é um exclusivo tomarense. Só podia ser.
No caso da designação do Provedor do munícipe, que já se transformou numa novela, pois dura há dez anos, com periodicidade variável, os episódios mais recentes estão à altura da velha Gabriela cravo e canela. Após ter combinado, aquando da alteração do respectivo regulamento, que a escolha do candidato a votar seria antes feita por consenso, dizem agora os social-democratas que não foram ouvidos nem achados, pelo que só podiam votar contra, pelas razões avançadas.
Estando nesta altura as coisas como estão, há duas vias possíveis, a europeia, digamos assim, e a tomarense. Na primeira, o candidato já designado apresenta a sua renúncia a quem o indicou, alegando que julgava ser consensual, o que não pareceu verificar-se. A presidente aceita o pedido e consegue uma reunião com o PSD, para escolha conjunta do novo nome. Depois é só votar no executivo e mais tarde na AM, para termos um provedor com estatuto e lastro político.
Julgando conhecer a minha terra, palpita-me que Anabela Freitas não irá por aí, para castigar a oposição, que não se tem portado nada bem ultimamente, e também porque é demasiado orgulhosa para dar o braço a torcer. Obstinada. Vai portanto insistir no seu candidato, sem condições para o cabal desempenho do cargo, negociando entretanto mais uns arranjinhos na Assembleia Municipal, de modo a conseguir a aprovação com os votos favoráveis do PS mais umas abstenções compradas, como já aconteceu antes, noutros assuntos.
Instalado o provedor, a nossa presidente irá até mais longe, providenciando junto dos presidentes de junta e dos militantes socialistas, meia dúzia de queixosos à tarefa, a quem se prometerá rápida resolução dos seus diferendos com a autarquia. Depois, os jornalistas às ordens da casa publicarão que afinal, ao contrário do que previam os críticos e a oposição, o provedor até está a ser um grande sucesso. Quem sabe, sabe! O pior são as eleições, que podem vir a estragar tudo.
Tendo em conta o usual ritmo de trabalho da autarquia, ainda não consigo prever se a presidente vai conseguir tudo isso antes do final do mandato, em 2025. Mas tudo é possível! Até já vi uma "bábá" (empregada doméstica) a passear três cães num carrinho de bébé, na beira-mar de Fortaleza... E um cão a andar de skate, puxado pelo dono.
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