sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Desenvolvimento económico

PENSAR O TURISMO EM TOMAR

O Santuário de Fátima acaba de publicar as suas contas, referentes a 2022. 18,5 milhões de euros de receitas, 17,5 milhões de despesas, sobretudo com pessoal. Quanto  às receitas, a maioria teve origem em esmolas dos peregrinos, mas não só. Há também as vendas de velas e outras recordações, bem como o alojamento. Tendo havido, segundo a mesma fonte, 4 milhões de peregrinos, cada um deixou no santuário, em donativo ou outra despesa, uma média de 4,65 euros.
Comparativamente, o santuário de Tomar, que é o Convento de Cristo, terá recebido em 2022 cerca de 300 mil visitantes, o que corresponde 7,5% dos peregrinos de Fátima. Esses 300 mil visitantes, se todos entraram no Convento, terão deixado uma receita de bilhética na ordem de 1,8 milhões de euros.  10% apenas da receita do santuário de Fátima.
Tendo alguma consciência disso, os responsáveis pelo turismo local têm procurado acoplar Tomar com Fátima, com Alcobaça e com a Batalha, designadamente vendendo bilhetes mais baratos, válidos nos 3 monumentos tutelados pela DGPC. Ignora-se o sucesso da iniciativa, sem dúvida bem intencionada, mas parece haver algum desconhecimento do "clima reinante" nos meios profissionais a respeito de Tomar, o qual é francamente desmotivante. E não podia ser de outro modo.
Enquanto nos três outros polos mencionados, há estruturas de acolhimento suficientes, tanto em qualidade como em quantidade, em Tomar é o que todos podem ver. Não há estacionamento suficiente, não há instalações sanitárias suficentes, não sinalização suficiente, não há uma ligação suficiente e não poluente cidade-convento-cidade, não há horário adequado no Convento, não há entrada conveniente no Convento, não há visitas guiadas no Convento nem na cidade, não há parque de campismo e caravanismo de nível europeu, não há arena de congressos, não há segurança no estacionamento junto ao Convento, onde todos os verões se sucedem os furtos por arrombamento, geralmente sem queixa, devido à barreira linguística.
Perante tudo isto, que faz a Câmara e que planos tem? Para já, andam a recuperar os WC da Rua da Fábrica e vão melhorar as condições no pinhal de Santa Bárbara. Outros planos não há, que se saiba. É assim que pretendem incrementar o turismo em Tomar? Os turistas que visitam o Convento, não levam grandes recordações...
Para começar a encontrar uma solução, era capaz de não ser má ideia os nossos eleitos municipais organizarem um circuito Tomar, Fátima, Batalha, Alcobaça, Nazaré, para compararem e perceberem melhor como as coisas acontecem na área do turismo. Se estiverem de acordo, ofereço a minha colaboração, voltando a fazer aquilo já fiz tantas vezes em tempos -guia lider do grupo (tour-leader). Prometo que explicações terão muitas. Vamos a isso? Mais não posso fazer.

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