terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Imagem alusiva, de um carnaval anterior.

Desfile de Carnaval em Tomar

BONITO, MAS UM BOCADO MURCHO

Foi um dilema. Mais precisamente um dilema nabantino, a sete mil quilómetros de casa. Que faço? Escrevo? Calo-me? Modero a escrita para não incomodar demasiado? Mantenho a franqueza de sempre? Tenho em conta que o Verão austral não é o mesmo que o Inverno europeu?  Eis o resultado.  
Para quem já teve o privilégio de estar sentado na Marquês de Sapucaí, assistindo ao desfile dos blocos carnavalescos do Rio, com milhares de figurantes cada um, os outros carnavais do Mundo passam a estar noutra categoria, lá muito longe. E fica-se a saber também que alguns funerais em Nova Orleans (USA), são mais alegres que outros tantos desfiles carnavalescos europeus.
Os foliões eram este ano numerosos na terra nabantina, mas nada comparável aos milhares dos blocos brasileiros. Mesmo os daqui de Fortaleza. Quanto a calor humano, nem vale a pena falar. Quanto aos carros alegóricos, bem vistosos, careciam de temática e de piadas. Porque um carnaval sem crítica social, é como um festival de cerveja, sem tremoços e outros acepipes. Ou bem que é Entrudo e vale tudo, ou mais vale ficar quedo e mudo. A opção dos organizadores terá sido outra, e assim, na terra onde há o monumento mais historiado do país -a parte manuelina do Convento- os carros alegóricos, conquanto muito coloridos e originais,, eram praticamente mudos. Só o dos piratas e o outro da alcaldia é que se referiam a qualquer coisa. Porquê? 
Se calhar porque, tendo  em conta os hábitos da casa, para haver subsídio camarário, houve necessidade de fazer um desfile muito tomarense, que o mesmo é dizer, de acordo com quem manda. Tivemos assim um carnaval capado, e com pouco ritmo, como no tempo da censura, salvo alguns foliões mais ousados.
Para o ano há mais, Oxalá os ainda assim corajosos organizadores, que deverão ser os mesmos deste ano, se mostrem então mais ousados. Não porque alguns tomarenses mereçam, mas porque Tomar merece. E talvez fosse até oportuno repensar a coisa, tendo em conta a experiência da ainda hoje lembrada "Comissão de carnaval", que fechava as ruas e cobrava entradas. Quando havia menos coitadinhos de mão estendida no vale nabantino, e as pessoas ainda tinham o hábito de trabalhar para ganhar dinheiro. Agora vivemos no reino dos subsídios. Já faltou mais para terem direito a subsídio todos os que ainda não recebem nenhum. Questão de igualdade perante a Lei.

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