quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Tejo Ambiente

O casamento da carpa e do coelho

https://radiohertz.pt/tomar-anabela-freitas-estabelece-como-prioritaria-a-remodelacao-de-condutas-em-detrimento-do-saneamento/

Há já quatro séculos, o senhor de La Fontaine chamava a atenção para a inviabilidade do casamento entre a carpa e o coelho. Compreende-se porquê. A carpa é um peixe de água doce, vive no e do rio. Inversamente, o coelho é bicho do mato, onde vive geralmente. Pode vir ao rio para beber e falar com a carpa, mas esta, por muito que queira nunca pode ir ao mato. Pernas permitem andar ou nadar. barbatanas só nadar. A carpa não tem pernas para andar.
Apesar destas observações de simples bom senso, proveniente da experiência, há quem tenha ariscado o casamento da carpa e do coelho, à falta de melhor. Foi o que aconteceu em Tomar, com os SMAS. que desapareceram, para dar lugar a uma empresa intermunicipal com uma carpa (a presidente de Tomar), um coelho (o presidente de Ourém) e quatro acólitos pequenitos, duas carpinhas (Ferreira e Barquinha) e dois coelhitos (Sardoal e Mação).
Agravando a situação, o coelho oureense já antes estava noutra união, com outra empresa, até 2027, enquanto a carpa ainda não conseguiu resolver o problema essencial da vida na terra -o saneamento. Até agora, os resultados conjugais estão longe de ser os melhores e, paradoxalmente, tendem a agravar-se, com a continuação. No domínio da carpa, o concelho de Tomar, nunca houve tantos cortes e interrupções no fornecimento da água, apesar da má recordação dos SMAS. E do respectivo tarifário é melhor nem falar. Quanto ao saneamento, as macacoas mais visíveis são os repetidos episódios de poluição do rio da carpa, sempre seguidos da promessa de que desta vez, com 20 milhões de euros para obras,  é que é! Desgraçadamente, o rio corre para o Zêzere, em vez de correr para o Agroal o que apressaria muito a solução.
Até que finalmente foi a própria carpa, a câmara de Tomar, que acabou por esclarecer o âmago do imbróglio das roturas e da poluição. Disse aos microfones da Rádio Hertz (link supra) que o atual orçamento da Tejo Ambiente prevê 70% para saneamento, que interessa mais ao coelho, e 30% para condutas de água, que interessam mais à carpa.
Proposta genial desta última, inverter os termos. 70% para condutas de água e 30% para saneamento. Resta saber se o coelho irá novamente na conversa, consentindo quando muito um 50% - 50%, ou se decide abandonar o complicado e infeliz casamento, mantendo apenas a confortável mancebia com a Be Watter, para já até 2027, como sempre esteve previsto.
Pela força das coisas, Ourém é um concelho largamente francófono, cujos habitantes em boa parte já ouviram falar da inviabilidade do "Mariage de la carpe et du lapin". Próximos episódios num ecrã próximo de si. É melhor levar botins de borracha, porque nunca se sabe. As roturas acontecem quando menos se espera. Ao contrário da poluição, que é só quando o Nabão enche.

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