sábado, 4 de fevereiro de 2023

 


Governantes locais e nacionais

Sobre cágados na política portuguesa

Os que nos apascentam, tanto na capital nabantina como na portuguesa,  são sobretudo gente jovem, virada para a frente, para o bolso e para os fins de mês, nunca para o antigo, o ultrapassado. Por isso não se lembram decerto do burburinho causado pelo projecto de reforma ortográfica, décadas atrás, quando pretenderam acabar com o acento agudo nas palavras proparoxítonas (esdrúxulas) e na sílaba tónica.
Um grupo de cidadãos alertou nos jornais para alguns inconvenientes. Escreviam eles então que uma coisa é "O meu irmão tem cágado no quintal", outra um bocadinho diferente, "o meu irmão tem cagado no quintal".  O tempo foi passando e os nossos governantes, se calhar influenciado pelas novas causas, como o choque climático, o património, a protecção da Amazónia, e por aí adiante, resolveram dedicar particular atenção ao tal bichinho estranho -o cágado
De duas formas. Em sentido próprio, quando encontram na rua um desses adoráveis  e  minúsculos animais, vão logo colocá-lo num ramo de árvore, não vá alguém atropelá-lo, ou pior ainda. Devem desconhecer que os cágados não são treparadores, e muito menos voadores, pelo que quase não se podem movimemtar num ramo de árvore, acabando por cair ao tentar.
Em sentido figurado, a coisa é bem mais complicada, porque eleitos e outros governantes resolveram instalar na governação e na administração muitos "cágados", manifestamente sem grande jeito para a função que prometeram desempenhar com lealdade, o que causa múltiplos dissabores, alguns nem sequer vislumbrados.
Assim, na autarquia tomarense, por exemplo, vão agora nomear um desses "cágados", boa pessoa, honesta, simpática e trabalhadora, sem dúvida alguma, mas a quem impõem um lugar de patrono dos pobres e ofendidos que deverá desempenhar "com independência e imparcialidade". Independente e imparcial, o Zé Pereira, militante e dirigente do PS há longos anos, professor aposentado e ex-presidente da AM pelo PS? Será o mesmo que considerar a Coreia do norte um regime pró-ocidental.
Trata-se, obviamente de um "cargo de faz de conta", a julgar pelo escolhido. Pretende-se apenas que venha a render alguns votos em 2025. E para isso o Zeca Pereira é bom, tem sempre sede, o que facilita o convívio e a empatia. Só falta saber agora se a oposição irá na conversa. Porque uma coisa é um provedor do cidadão, outra bem diferente um feitor do PS, disfarçado de defensor dos ofendidos.
A nível nacional, o quadro é bem mais negro. Basta dizer que, só nos últimos 12 meses, já caíram das "árvores"  onde os instalaram, nada menos de 14 "cágados". Não conseguiram movimentar-se de maneira adequada, posto que, recorde-se, trepam por vezes mas não voam.
Temos assim, por esse país fora, dezenas e até centenas, que em linguagem militar "cairam do cavalo abaixo". E tantos "cágados" a cair das "árvores", é aquilo a que se pode chamar, usando o termo adequado, UMA CAGADA MONUMENTAL. É uma pena para todos, mas a ignorância raramente perdoa. E por isso vamos decaindo, decaindo, decaindo...mas com muitas festas e ventos, para ir disfarçando.


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