quarta-feira, 26 de abril de 2017

Têm demasiado em comum

"É certo que o candidato da extrema-esquerda acusou Le Pen de ser “nacionalista” e não “patriota” como ele. Mas, perdida a eleição, recusou-se a apoiar Macron. E os programas políticos de Le Pen e Mélenchon tinham demasiadas coisas em comum; ambos denunciam a União Europeia, ambos lutam pelo voto operário, ambos defendem o encerramento das fronteiras, ambos advogam a “preferência nacional”, a reforma aos 60 anos e o aumento do ordenado mínimo. Ambos apoiam Bashar Al-Assade… Muito mais votos do que os 9% podem ainda transferir-se de Mélenchon para a candidata da Frente Nacional."

O excerto acima é de uma análise de Paulo de Almeida Sande, que pode ser lida na íntegra aqui. Resolvi publicá-lo porque mostra, no meu entender, os limites da geringonça e da coligação nabantina. Quer agrade ou não, o facto demonstrado é que são cada vez mais as convergências entre a extrema-esquerda e a extrema-direita. Entre o autoritarismo direitista e o autoritarismo esquerdista. Mesmo se entretanto o primeiro-ministro grego, o esquerdista Tsipras, já veio apoiar o voto em Macron, é óbvio que o faz por necessidade e não por convicção. Se Le Pen vencesse, adeus União Europeia tal como a conhecemos, adeus Grécia, república de assistidos.
Outro tanto resolveu fazer Catarina Martins, com o inimitável toque rídiculo lusitano. Aconselhou o voto em Macron, (como se o seu apelo tivesse alguma importância para lá da fronteira), mas durante a campanha eleitoral a sua camarada Marisa Matias, deputada do BE no Parlamento Europeu, apareceu em palco, ao lado de Mélenchon, entoando Grândola Vila Morena. Salgueiro Maia deve ter dado voltas na campa...
Se o descaramento político pagasse imposto, Portugal poderia reembolsar em breve boa parte da sua cada vez mais gigantesca dívida pública. Que a extrema-esquerda BE/PCP, na sua evidente má-fé, clama pretender renegociar. Como se a renegociação da dívida dependesse de quem deve e não dos credores. 
Mas que se lhes há-de fazer, se é assim que vêem as coisas? A bem dizer, os culpados nem são eles. São os que neles votam. Grande parte não por convicção, mas por ressentimento, por inveja e como retaliação.

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