A doença crónica tomarense, que vem arrastando a cidade e o concelho para a ruína e a irrelevância, tem três vertentes: 1 -A improvisação; 2 -A conversa fiada; 3 -A obstinação cega.
1 -A improvisação
Com o mandato a terminar, ou seja após mais de três anos no poder, o actual executivo PS/CDU ainda não sabe de facto como resolver o problema do prometido realojamento dos ciganos do Flecheiro. Este texto de Luís Ferreira é bem explícito a esse respeito. A Câmara hesita entre três hipóteses de afectação para o terreno municipal situado entre a Escola EB Gualdim Pais e as Piscinas. Acampamento para escuteiros? Área de corta-mato? Alojamentos para algumas famílias ciganas do Flecheiro, inicialmente previstos para o terreno junto à GNR? Dado não haver quaisquer planos vinculativos, nesta como noutras matérias, nem capacidade ou vontade para os fazer, cada um vai discorrendo conforme melhor lhe convém. E a comunidade concelhia vai definhando, nomeadamente devido à falta de planos adequados aos tempos que correm.
2 -A conversa fiada
Apesar da indesmentível ausência de planos, que obriga a gerir de uma forma caótica, os eleitos de quem neles votou têm sempre uma conversa maviosa, assaz convincente e recheada de promessas para o futuro. Só não indicam quando será esse futuro. Entretanto o trivial prossegue. Não há festa nem dança, onde não vá a Constança. E os outros. O recente Festival da laranja conventual confirmou essa regra. Estavam lá todos:
Fotos Tomar na rede, com os meus agradecimentos.
3 -A obstinação cega
Alheios aos numerosos sinais dados pela população, que fingem não ver nem ouvir, os candidatos e as respectivas equipas parecem continuar convencidos de que basta ir fazendo a campanha habitual para vir a obter um bom resultado. Enganam-se. Conforme escreveu Lampedusa, "Algo deve mudar, para que tudo continue como está." Mas mudar como? Candidatos e respectivas equipas agem como se não soubessem o que é a mudança! De tal forma que, a cinco meses das eleições, sabemos tanto sobre as suas opções programáticas, como sabíamos o ano passado ou há dez anos atrás. Que o importante são as pessoas. A tal conversa para mobilar.
Excesso de pessimismo da minha parte? Nas autárquicas de 2013, um jovem de uma freguesia rural, praticamente sem meios e forçosamente sem experiência, mas com um discurso diferente, apresentou-se pelo MPT, uma formação recente. Conseguiu 1.367 votos. Mais que o CDS e o BE juntos. A apenas 2,31% da CDU, com muitos anos de tarimba
Alheios aos numerosos sinais dados pela população, que fingem não ver nem ouvir, os candidatos e as respectivas equipas parecem continuar convencidos de que basta ir fazendo a campanha habitual para vir a obter um bom resultado. Enganam-se. Conforme escreveu Lampedusa, "Algo deve mudar, para que tudo continue como está." Mas mudar como? Candidatos e respectivas equipas agem como se não soubessem o que é a mudança! De tal forma que, a cinco meses das eleições, sabemos tanto sobre as suas opções programáticas, como sabíamos o ano passado ou há dez anos atrás. Que o importante são as pessoas. A tal conversa para mobilar.
Excesso de pessimismo da minha parte? Nas autárquicas de 2013, um jovem de uma freguesia rural, praticamente sem meios e forçosamente sem experiência, mas com um discurso diferente, apresentou-se pelo MPT, uma formação recente. Conseguiu 1.367 votos. Mais que o CDS e o BE juntos. A apenas 2,31% da CDU, com muitos anos de tarimba
Outros factos aí estão, a evidenciar a mesma sede de mudança. De 2009 para 2013, a TBA, taxa bruta de abstenção (abstenção + votos brancos + votos nulos), galgou de 45,58% para 55,61%. O total dos votos brancos e nulos quase duplicou, pulando de 4,64% para 8,98%. Tudo isto com a novidade de uma candidatura feminina e a participação dos IpT. Este ano, sem novidade (pelo menos até agora) e sem os IpT, ao que tudo indica, como vai ser? Vamos ter uma TBA superior a 65%? Os votos brancos e nulos como terceira maior força política local?
Uma coisa me parece muito provável: Sem projectos políticos capazes, as próximas autárquicas em Tomar vão dar muito que falar. E constituir um caso de estudo. Pelas piores razões. Até já tenho um título para um livro sobre o assunto: A morte anunciada de uma cidade e o desaparecimento do seu concelho.
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