segunda-feira, 10 de abril de 2017

Os erros do costume

Já abordei o problema da requalificação da Várzea Grande aqui, aqui e aqui. Volto agora à carga, essencialmente por dois motivos. O primeiro, para assinalar que, como sempre, apesar de a citada requalificação estar em discussão pública, autarquia, técnicos e opinião pública local estão a ser fiéis ao passado. Em vez de agradecerem os diversos contributos e debaterem em conformidade, não senhor. Fecham-se em bola, como os ouriços quando atacados, mostrando espinhos por todo o lado. O que a mim nada me apoquenta, mas convém que seja público, por ser nefasto. O segundo, para denunciar mais uma despesa considerável, com pouco ou nenhum proveito para a comunidade tomarense. Accionada sobretudo pela ganância em relação aos fundos europeus. E pelas autárquicas, claro.
Os leitores que queiram fazer um pequeno esforço de memória, vão constatar que todas as obras feitas em Tomar sem um plano global, sobretudo para sacar fundos europeus, regra geral provocaram estragos. O Mouchão perdeu as casas de banho e ganhou uma barraquita, que até hoje ainda ninguém conseguiu explicar para que serve. O ex-estádio perdeu as bancadas e os balneários. O pavilhão ficou com dimensões legais impróprias para competições. A estrada do Convento ficou mais estreita. O parque para autocarros, ao longo da fachada norte do monumento, com capacidade para 6 veículos pesados, é simplesmente ridículo, dizem os profissionais. As instalações sanitárias da Mata têm uma recepção, cuja utilidade também jamais foi explicada, e assim sucessivamente.

À esquerda o projectado mini-parque para autocarros de turismo.

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A Várzea Grande na década de 30 do século passado, aquando da parada inaugural do Congresso nacional dos bombeiros. Ao fundo, do lado direito, a velha escola primária de 4 salas. Várzea livre, ainda sem Padrão ao meio, nem Palácio da Justiça. O verdadeiro Rossio da urbe. Mais precisamente o que dele ainda restava.

Para a Várzea Grande prepara-se o mesmo tipo de aselhice -Gastar largas centenas de milhares de euros, sobretudo de fundos europeus, para que tudo fique pior. Desde logo, a ideia estranha de transformar o largo numa praça, é um produto exclusivamente tomarense. Ninguém com um mínimo de cosmopolitismo se lembraria de semelhante coisa. Por todas as razões e mais uma: Durante e após a conclusão das obras, a Feira de Santa Iria vai para onde?
Segue-se o problema central para as centenas de trabalhadores tomarenses que ali deixam os seus carros, quando vão para o comboio ou para as suas ocupações na cidade. Uma vez que os projectados arranjos vão reduzir drasticamente os lugares disponíveis, aonde irão depois estacionar os seus veículos?
Em terceiro lugar, tal como já aconteceu nas obras da Estrada do Convento, os projectistas da Várzea Grande parece estarem a brincar aos estacionamentos. No previsto parque para autocarros de turismo, na ilharga norte da igreja, estão marcados nove lugares. Apenas e só nove lugares. Que bem vistas as coisas serão apenas metade, pois um autocarro de mais de 10 metros de comprido não se arruma como um automóvel.
Em quarto e último lugar, dado que inevitavelmente um coerente plano de desenvolvimento turístico local terá de situar na Várzea Grande um grande parque de estacionamento subterrâneo, procedendo também à mudança do estacionamento para autocarros, devido à manifesta falta de capacidade,  tudo o que agora está previsto, e que venha a ser feito, será mais tarde destruído. Porque incompatível com a nova realidade.
A habitual falta de um plano global, conduz os eleitos locais aos erros do costume. Perante a fingida indiferença da população pensante, que a outra...
Até quando?

2 comentários:

  1. Uma abordagem pertinente, que as autoridades locais e outras entidades que contribuem para a vida e prosperidade da cidade não devem ignorar. Impõe-se aproveitar. Quem sabe, sabe!

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    1. Obrigado pelo elogio, que vai contribuir para combater o desânimo que de temos a tempos me ataca.

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