quinta-feira, 27 de abril de 2017

Gestão autárquica rigorosa? Era bom era!

 A dívida actual da autarquia tomarense é de 24 milhões, refere o Tomar na rede aqui. Foi quanto bastou para um beato apoiante dos socialistas locais vir logo criticar. Segundo escreve, a dívida era de 37 milhões e esta gestão socialista já conseguiu um redução para os actuais 24 milhões. Mas não explica como fizeram. É o problema usual da beatice, sobretudo a beatice política. Consideram que os outros são todos incréus, logo bárbaros que não entendem nada de nada. Temos de os aturar, pois não há outro remédio. O que não implica calar-se.
Neste caso da redução da dívida, segundo fontes fidedignas e convergentes, trata-se afinal de uma artimanha. Na verdade, a regra geral, de que são exemplos os acordos com a ParqT e com a ADSE, é transferir o débito para uma entidade bancária ou parabancária, ficando a autarquia a pagar a respectiva renda ou prestação mensal, que engloba o reembolso mensal do principal e o respectivo juro sobre o total ainda em mora. Não há portanto qualquer redução da dívida, a não ser na contabilidade autárquica, que usam para tentar enganar os eleitores-contribuintes.

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Mesmo com a extraordinária redução da dívida que dizem ter conseguido, a autarquia deve ainda 24 milhões 260 mil euros, o que dá cerca de 650 euros por cada eleitor inscrito. Devia por isso haver uma gestão ultraprudente, mas não. Ficou célebre a frase do presidente da República Jorge Sampaio, proclamando que Há mais vida para além do défice.
Seguindo essa mesma linha, embora endividada até às orelhas, a gestão socialista tomarense acha normal:
1 - Atribuir 400 mil euros anuais para actividades ditas culturais e desportivas, que incluem por exemplo a Festa da cerveja, esse monumento à cultura,  que contempla com 4 mil euros, cuja utilidade consiste em abrir a via para futuros subsídios à Associação Alcoólicos Anónimos;
2 - Conceder a utilização gratuita dos pavilhões  e outros recintos desportivos municipais a todos os clubes, incluindo o de ténis, que é uma modalidade pobre e muito praticada pelos empregados e funcionários locais. Hoje em dia, qualquer precário a 500 euros/mês tem o seu equipamento de marca, a sua raquete e as suas latas de bolas. Está-se mesmo a ver...
3 - Gastar 300 mil euros com a Festa dos Tabuleiros e determinar que não haverá entradas pagas;
4 - Gastar umas dezenas de milhares de euros com o Congresso da sopa e depois entregar a receita a uma associação de solidariedade social;
5 - Gastar 75 mil euros mais alcavalas com a Festa Templária e não cobrar entradas;
6 - Gastar 45 mil euros mais alcavalas com as Estátuas vivas e não cobrar entradas.
Podia continuar, mas para quê? Acrescento apenas que, em contrapartida, os pobres cidadãos periféricos, que às sextas-feiras vão com sacrifício ao mercado, vender frangos, ovos, coelhos, fruta, legumes, queijos, etc, como forma de arredondar os fins de mês cada vez mais difíceis, esses pagam terrado, como qualquer outro comerciante. Uma coisa é praticar desporto ou cultivar-se a beber cerveja. Outra coisa bem diferente é tentar ganhar a vida honradamente.
Não é necessário ser formado em ciência política, ou em gestão pública, para gerir capazmente uma autarquia como a de Tomar. Mas convém ter um mínimo de bom senso.



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