domingo, 23 de abril de 2017

Os autarcas passam, os problemas agravam-se

Desde que, na era do presidente Paiva, a Câmara determinou e mandou publicar que o ex-Convento de Santa Iria, mais as ruínas do outro lado da rua de Santa Iria, seriam "um hotel de charme de 4 estrelas com 60 quartos", já abordei o assunto várias vezes. Por exemplo aqui, aqui e aqui. Apesar disso (ou por causa disso também?) a situação não se alterou desde então. Apenas foram feitas obras de fachada e compostos alguns telhados mais aparentes, tudo para turista ver. Mas quanto ao hotel, nem ditos nem modos. O que não espanta.
Antes de mais, proclamar logo a abrir que será um hotel de charme de 4 estrelas, com 60 quartos, só se entende nesta terra e neste país, onde eleitos e técnicos superiores se consideram, à imagem de Ricardo Salgado, DDT = Donos Disto Tudo. Depois, exigir milhão e meio de euros à cabeça, é do domínio da alta fantasia. A menos que estejam dispostos a trocar o hotel de charme por um casino, ou mesmo por um lupanar de luxo. Em terceiro lugar, a Câmara de Tomar tem uma fama desgraçada nos meandros da indústria da construção civil, e os investidores não são asnos.

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Com as servidões evidentes  (Arco de Santa Iria, Capela de Santa Iria, Pego de Santa Iria, Rio Nabão, Cérceas, etc.), e outras que os gulosos do costume logo encontrarão, parece-me óbvio que, mesmo cedido gratuitamente, ninguém arriscará um euro na recuperação de tudo aquilo. Porque será um poço sem fundo. Com cada interveniente técnico a apresentar uma dificuldade de monta, que só pode ser ultrapassada indo ao gabinete tal... e assim sucessivamente.
Assim sendo, conforme já escrevi anteriormente, a única hipótese com algumas possibilidades de sucesso será a Câmara mandar executar o projecto, aprová-lo e só depois abrir concurso para a cedência do conjunto. Claro que isto vai contra os interesses dos industriais de dificuldades por cima da mesa e facilidades por baixo. Os que os levará decerto a dizer que esta sugestão não tem pés nem cabeça. Compreende-se. A vida está cada vez mais difícil para todos.
Resta que os mandatos se sucedem, os autarcas passam, mas os problemas agravam-se. Convento de Santa Iria, Convento de S. Francisco, Complexo da Levada, Estrada do Convento, Plano local de Turismo, Parque de campismo, e por aí adiante, continuam à espera de melhores dias. De autarcas capazes.
Vamos ter paciência e aguardar a resposta dos eleitores, em Outubro próximo. As perspectivas não são nada boas. Eventos, bebidas e pernas de frango nunca resolveram problemas graves. Para isso há que ter planos e coragem para os mandar executar.

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