terça-feira, 11 de abril de 2017

Em Tomar como em Lisboa

"Entretanto, o efeito do endividamento transparece em pequenos pormenores, como no sarcasmo com que o célebre Dijsselbloem comentava ontem: “Esperava que Portugal pedisse a minha demissão, mas não o fez”. Pois não. Os leões de Lisboa são hamsters em Bruxelas. Porque em Bruxelas, valem o que vale a total dependência financeira de uma economia sem reformas." 
O excerto supra é a conclusão de uma análise de Rui Ramos, no Observador online, que pode ler na totalidade clicando aqui. -Olha a novidade! clamarão os que se julgam mais sabidões. Que logo acrescentarão ser Rui Ramos "um velho passarão de direita", e por aí adiante. E daí? Ser de direita equivale a ser burro? A nunca ter razão? A não entender o Mundo? Se assim fosse, estava a Alemanha bem tramada, com governos de direita há mais de uma década. Mas ao que consta os alemães têm mais tendência para se queixarem dos países do sul da Europa, do que do seu governo de direita. Estranho, não é?
Com a sua bem conhecida e proverbial abertura ao Mundo, (estou a ser irónico), se quem lê estas linhas é tomarense de adopção, uma vez que já não nasce ninguém em Tomar, estará decerto a perguntar -Afinal o que tem isso tudo a ver com Tomar? Como sempre, tudo ou nada, consoante os pontos de vista. O que não altera a realidade envolvente. Isto anda sempre tudo ligado.
Menciona Rui Ramos "a total dependência financeira de uma economia sem reformas", na qual o défice público mais baixo da democracia acasala infelizmente com a dívida pública mais alta da mesma democracia. Exactamente como em Tomar, porque como é bem sabido, ou devia ser, "as mesmas causas produzem sempre os mesmos efeitos, nas mesmas condições exteriores.


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Paulatinamente, a maioria relativa do actual executivo, que recorde-se foi eleita por pouco mais de 10% do eleitorado nabantino, mandou publicar isto na informação local. Donde se deduz que foram os malandros dos executivos anteriores que afogaram a autarquia em dívidas. Uma vez que me recuso a acreditar que o tenham feito deliberadamente, parecem-me pertinentes as seguintes interrogações:
1 - Entretanto, que medidas já tomou este executivo para reduzir as despesas, tendo em conta que, mesmo com o aumento da fiscalidade a nível local, as receitas estão a diminuir?
2 - Nesta altura, a autarquia tem mais ou menos funcionários que em 1997, de onde afirma que vem a dívida, a partir de agora em regime de pagamento fraccionado, o que implica despesas suplementares superiores a meio milhão de euros? 
3 - Que planos tem a actual maioria relativa, que se recandidata, para reduzir as suas despesas de funcionamento e aumentar as receitas, sem recorrer ao sistemático aumento da fiscalidade?
É tudo muito bonito, mas não podemos viver sempre num mundo fantasioso, de contos de fadas, tipo Branca de Neve e os sete anões. Sob pena de, mais tarde ou mais cedo, o primeiro A de fAdas se transformar em O. Precavido, já encomendei um conjunto de cuecas e de calções de pijama, tudo em malha de aço. Mas não sei se bastará...

Adenda
Para os mais afectados pela azia provocada pelo excerto de Rui Ramos, aconselho vivamente a leitura dos segundo, terceiro e quarto parágrafos desta análise de Duarte Marques, no EXPRESSO online, que é um órgão informativo mais consensual que o Observador.

1 comentário:

  1. Pessoas viciadas em nostalgia.... é o que se vê muito por aqui e por ali. Do que será essa nostalgia...?. A quarta revolução industrial está aí a deixar muito boa gente assarapantada. Reformas económicas?! É só estar atento, para ver os avanços que fizemos cá e pelo mundo fora. É uma revolução. Mas esses avanços são originados por fatores que ultrapassam políticos, teóricos, filósofos - mais ainda os nostálgicos viciados. O problema reside nas políticas de distribuição da riqueza nacional e mundial. Só políticas socialistas podem defender os povos. Só políticas socialistas podem regular os efeitos desta nova revolução. Muito boa gente até já diz que estamos a viver o pós-capitalismo. Interessante. Ainda espero estar cá para ver. Viciados em nostalgia , é o que é.

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