sexta-feira, 28 de abril de 2017

Há cinco, faltam cinco

Há cinco candidatos à autarquia tomarense, faltam cinco meses para a consulta eleitoral. É muito tempo, ou nem tanto? Para conceber, redigir, estruturar, debater, afinar e voltar a escrever um programa robusto e adequado, a folga temporal já não é muita. Infelizmente, é muito provável que os concorrentes, alimentados pelo hábito, (que como se sabe é uma segunda natureza), estejam convencidos de que bastarão umas generalidades, uns repastos, uns carros a fazer barulho, umas festas populares, umas passagens pelo mercado, umas fotos bonitas e uns cartazes grandes, para ganhar. Espero estar enganado. Se assim vier a acontecer, se os eleitores se deixarem mais uma vez embalar pela usual "canção do bandido",  será mais um desastre que o concelho não merece. Mais do mesmo não!
Os candidatos já conhecidos são todos excelentes pessoas, todavia com uma característica comum que no meu entender é também um lastro negativo -são todos funcionários públicos. Uma técnica de emprego (porque primeiro as senhoras, como mandam as boas maneiras), um técnico superior da autarquia, um professor do ensino politécnico, um professor aposentado e um enfermeiro. Resumindo, dois profissionais da educação, um profissional da saúde e dois profissionais sentados. Daqueles que não têm alunos na frente, nem doentes para tratar, nem ruas para patrulhar, por exemplo. Posso estar enganado e um dos 5 candidatos vir a revelar-se um excelente presidente? Oxalá! Até porque Fátima é aqui tão perto e já há alguns anos que deixou de haver milagres nesta zona.
De resto, manda a verdade acrescentar que, desde as primeiras eleições livres, os três presidentes da Câmara de Tomar que não eram funcionários públicos (Pedro Marques, Corvêlo de Sousa e Carlos Carrão) também não deixaram recordações excepcionais. Ainda assim, mostra a experiência que os funcionários públicos, sobretudo os sentados (o que exclui, como é óbvio, médicos, enfermeiros, polícias e por aí adiante) carregam em geral um lastro negativo. São conformistas, medrosos, estatistas, nada virados para a iniciativa privada, o risco, o investimento produtivo, a criação de empregos geradores de valor acrescentado. Numa curta frase, em nome do hábito e da estabilidade, são contra o liberalismo mesmo se com preocupações sociais. Por isso o país não cresce o suficiente, apesar dos apelos do senhor Presidente da República. Por isso as coisas estão como estão em França, de onde, conforme escreveu o Eça, nos chegam as ideias, digam o que disserem.
Concluindo, a cinco meses do acto eleitoral, ainda só dois candidatos ousaram sair da área de conforto e indiciar para que se candidatam. Luís Santos, do BE, elencou algumas ideias durante uma entrevista, as quais podem ser consultadas aqui. Bruno Graça foi muito agreste para o PS local, seu parceiro de coligação, mas fez um diagnóstico corajoso da maleita tomarense, que pode ser lido aqui e aqui. Agora resta aguardar que indique quanto antes a  terapêutica que propõe, para que a mesma possa ser amplamente debatida. O que naturalmente vale também para Luís Santos. E para os outros que entretanto ousem sair do jardim das generalidades.

Adenda
Embora não ignore que se trata de órgãos informativos direitistas, como usualmente escreve o meu amigo Ferroma, ouso sugerir a leitura desta crónica e desta outra. Têm tudo a ver com Tomar, onde precisamos de investimento, público ou privado, como de pão para a boca. Boa leitura!

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