sábado, 22 de abril de 2017

Em que se está a transformar Tomar?

Que gente somos afinal?

Numa terra pequena que vai continuando a mirrar, há quem tenha orgulho por termos três semanários e duas rádios locais. Estão no seu direito, bem entendido, mas cada vez estou mais convencido que é importante perguntar: Com todos esses meios, estaremos a ser bem informados e bem formados? Infelizmente a resposta é não. creio eu. Já não bastavam as longas notícias sobre desporto, relatando por exemplo jogos de futebol de quinta categoria, por vezes com um cabeçalho genérico assaz pretensioso, tipo "O pulsar do campeonato", para referir a 1ª divisão distrital de Santarém. Surgem também, de quando em vez, "notícias" que manifestamente são autênticas minhoquices, tipo inauguração do estabelecimento X, a festa H ou o caso do carro parcialmente coberto com papelinhos. 
Os editores das ditas publicações lá terão as suas razões. A mim, o que me parece é que procuram "encher chouriços". Ocupar espaço com ninharias, como forma de evitar abordar assuntos controversos, para não desagradar nem a Deus nem ao Diabo.
Um inédito e reles incidente recente veio tornar a situação ainda mais estranha, mais caricata e mais preocupante. Na passada terça-feira, dia 18, o jornalista José Gaio, no exercício da sua profissão, foi ultrajado e agredido por um outro cidadão, com quem tinha combinado encontrar-se num dos cafés da cidade, para conversarem. Houve várias testemunhas e praticamente todos conhecem a causa da agressão verbal e física. O referido cidadão, o grafiteiro Violant, que foi contratado pela Comunidade Intermunicpal do Médio Tejo para pintar uns grafitos em Tomar, graças a fundos europeus, não gostou de notícias sobre o seu trabalho, difundidas pelo referido jornalista no blogue Tomar na rede, pelo que decidiu vingar-se.

Foto de Joaquim Cotovio, copiada de Tomar na rede.

Posteriormente, numa atitude que me abstenho de qualificar, o agressor negou os factos em declarações à Tomar TV, tendo até ousado perguntar "Quem é o José Gaio?" Jovens, os jornalistas que tal ouviram, não tiveram sangue-frio suficiente para lhe responder -é o jornalista que você agrediu injustamente perante várias pessoas. Mas o meu ponto não é agora esse. O meu ponto é que, na cada vez mais desgraçada terra nabantina, passados quatro dias sobre a dita agressão inaceitável, só O Templário, que é dirigido pela mãe das filhas de José Gaio, a Tomar TV, cujos jornalistas foram por ela formados no início e Tomar a dianteira 3, cujo administrador nunca foi nem é jornalista, abordaram a inqualificável atitude de Violant. Os outros órgãos informativos locais não sabem de nada? Acham que não tem importância? Estão acagaçados com medo de eventuais represálias? Não têm liberdade editorial para publicar?
Mal vai uma terra, muito mal mesmo, quando os jornalistas de serviço já não têm liberdade editorial e/ou coragem, nem sequer para defender um colega, injustamente agredido em público, em plena cidade e perante várias testemunhas.
Que terra é Tomar? Que gente somos afinal? Ainda sabemos ser cidadãos?  Em que nos estamos a transformar? Que exemplos estamos a dar à nossa descendência?

anfrarebelo@gmail.com

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