Noticiou a Tomar TV que a Câmara de Tomar celebrou mais um ajuste directo. Desta vez foram mais 74 mil euros (cerca de 2 euros por eleitor inscrito) para a empresa Conteúdos Mágicos -Gestão e produção de eventos culturais Lda, de Santa Maria da Feira, que vai organizar a próxima edição da Festa Templária, que terá lugar de 6 a 9 de Julho. O contrato com a mesma empresa, para a realização da mesma festa, em Outubro passado, foi de 42 mil euros. Parece portanto que a festa deste ano vai ser bem maior, o que não admira pois estamos em ano eleitoral.
De qualquer maneira, caímos assim numa situação deveras curiosa. Apesar do obsoleto controleirismo camarário, de que é exemplo aquela espécie de eleição popular do mordomo, que antes de ser votado já foi escolhido, os tomarenses conseguem organizar, sem auxílio técnico externo, a Festa dos Tabuleiros, que é muito mais complexa, pois movimenta muito mais gente e custa muito mais dinheiro. (A Festa dos Tabuleiros de 2015 custou à autarquia quase 300 mil euros). Não conseguem todavia fazer outro tanto, em mais simples e numa área em que devíamos ser exímios, pois somos a Capital templária do país.
Quer isto dizer que, de quatro em quatro anos, sem entradas pagas, fazemos a nossa querida Festa Grande de cabeça, sem sequer pensar um pouco no que estamos a fazer, como estamos a fazer, porquê e para quê. Ou seja, não aprendemos nada. Limitamo-nos a repetir, mesmo aquilo que já não é adequado. Inversamente, Santa Maria da Feira tem anualmente uma Festa Medieval, organizada por entidades locais, privadas e independentes da autarquia, na qual as entradas são pagas. É uma dessas entidades privadas que agora vem arrecadar mais 74 mil euros a Tomar.
De qualquer maneira, caímos assim numa situação deveras curiosa. Apesar do obsoleto controleirismo camarário, de que é exemplo aquela espécie de eleição popular do mordomo, que antes de ser votado já foi escolhido, os tomarenses conseguem organizar, sem auxílio técnico externo, a Festa dos Tabuleiros, que é muito mais complexa, pois movimenta muito mais gente e custa muito mais dinheiro. (A Festa dos Tabuleiros de 2015 custou à autarquia quase 300 mil euros). Não conseguem todavia fazer outro tanto, em mais simples e numa área em que devíamos ser exímios, pois somos a Capital templária do país.
Quer isto dizer que, de quatro em quatro anos, sem entradas pagas, fazemos a nossa querida Festa Grande de cabeça, sem sequer pensar um pouco no que estamos a fazer, como estamos a fazer, porquê e para quê. Ou seja, não aprendemos nada. Limitamo-nos a repetir, mesmo aquilo que já não é adequado. Inversamente, Santa Maria da Feira tem anualmente uma Festa Medieval, organizada por entidades locais, privadas e independentes da autarquia, na qual as entradas são pagas. É uma dessas entidades privadas que agora vem arrecadar mais 74 mil euros a Tomar.
Perante isto, é inútil alinhar argumentos, que apenas conseguem irritar ainda mais os poucos tomarenses com pachorra para lerem estas coisas. Limito-me portanto a alinhar factos, neste caso resultados incontroversos. Em 2005, Santa Maria da Feira tinha 112.197 eleitores inscritos, que aumentaram para 125.741 em 2013. Um aumento de 13.544 eleitores em 8 anos. Durante esse mesmo período de tempo, Tomar passou de 38.524 para 37.310 eleitores inscritos. Menos 1.214 eleitores em oito anos.
Indo mais longe, verifica-se que a autarquia de Santa Maria da Feira é dirigida pelo PSD desde 1976, sempre com maioria absoluta, excepto no primeiro mandato, em que se coligou com o CDS. Entre 1976 e 2016, o melhor é mostrar este resumo comparativo:
Eleitores inscritos nos cadernos eleitorais 1976 2013 2016
Santa Maria da Feira 60.465 125.741 126.285
Tomar 32.438 37.310 36.266
Fonte: Resultados eleitorais CNE e MAI
Assim, a andarmos de cavalo para burro, de repetição em repetição, de entrada gratuita em entrada gratuita, de ajuste directo em ajuste directo e de asneiras em asneira, vamos longe, sem sombra de dúvida. Os números aí estão par o provar. E tudo parece indicar que o pior ainda está para vir. Se entretanto nada for feito, bem entendido.
Indo mais longe, verifica-se que a autarquia de Santa Maria da Feira é dirigida pelo PSD desde 1976, sempre com maioria absoluta, excepto no primeiro mandato, em que se coligou com o CDS. Entre 1976 e 2016, o melhor é mostrar este resumo comparativo:
Eleitores inscritos nos cadernos eleitorais 1976 2013 2016
Santa Maria da Feira 60.465 125.741 126.285
Tomar 32.438 37.310 36.266
Fonte: Resultados eleitorais CNE e MAI
Assim, a andarmos de cavalo para burro, de repetição em repetição, de entrada gratuita em entrada gratuita, de ajuste directo em ajuste directo e de asneiras em asneira, vamos longe, sem sombra de dúvida. Os números aí estão par o provar. E tudo parece indicar que o pior ainda está para vir. Se entretanto nada for feito, bem entendido.
Não é fácil a recuperação económica do concelho. Com a perda de indústrias importantes como a fiação, cerâmica, papeleira, gráfica e o grande polo-concelho que era o grupo MGodinho, perdeu-se também um riquíssimo know how dos mais avançados do país. Tomar vive cercada, a norte e a sul, por cidades que prosperaram e atraíram investimentos, mas nenhuma delas se afirmou como grande polo-região com crescimento com influência em Tomar. Falta-lhe uma indústria motriz. A sua posição geográfica também não ajuda: distante do litoral e das duas grandes áreas metropolitanas do país. Não é tarefa fácil para os políticos. Para mim, a maior perda da cidade foi a da competência técnica, desaparecida com aquelas indústrias, cujos administrações não tiveram capacidade para modernizar. Acresce o facto de as elites locais terem sido muito conservadoras. Costumo simplificar: com demasiada cagança que exibiam no café Paraíso a lamber as bainhas das calças das personalidades do poder.
ResponderEliminarEstou de acordo com o que dizes. É o mesmo sangue tomarense a falar. Claro que não é fácil. Nada é fácil. Sobretudo quando cabeças mal formatadas dizem querer chegar a Lisboa mas se põem e nos põem a andar rumo ao Porto. Sem desprimor para o Porto. Bem sei que todos os caminhos vão dar a Roma. É contudo muito mais perto a partir de Tomar, quando evitamos caminhar na direcção de La Corunha.
EliminarNunca consegui nem consigo perceber o que leva os nossos autarcas e políticos influentes a recusar que a cidade possa gerar riqueza. Medo de perder os lugares que ocupam para outros mais competentes, que seriam atraídos pelo inevitável progresso? Tenho sempre na cabeça aquele antigo dito chinês segundo o qual "Se deres um peixe a um homem, ele alimenta-se uma vez. Se o ensinares a pescar, pode alimentar-se toda a vida e ajudar outros a viver."