sábado, 12 de novembro de 2016

Vamos lá então incubar as nossas e os ditos

                

Mário Cobra

As nossas ideias sobre empresas inovadoras, nada de equívocos. Já basta o que nos acontece com os eleitos. Quanto aos ditos, é favor ler lá mais para o final.
Vamos a um primeiro caso. Sobre ideias, não sobre políticos ou sobre os ditos . Um projecto possibilitando a resolução do problema do estacionamento taxado, Ora paga lá. Sobre o tema, dizem os entendidos, as opiniões dividem-se. Os que defendem o acesso, com estacionamento pago, dos não residentes às instituições, ou mesmo a laurear a pevide, a fim de evitarem andar a pé. Dizem os clínicos que faz bem à saúde andar a pé. Respondem os não residentes: Então que andem os enfermos.  
Para os moradores, a coisa estava bem assim. E acusam a autarquia de querer é arreganhar as taxas e caçar mais algumas verbas. Os mais pragmáticos dirão, pois bem, então que paguem as instituições beneficiadas pelo estacionamento taxado. Sejam correios, sejam bancos, sejam tropeços, sejam estabelecimentos. Neste caso, valia a pena criar uma bolsa de estacionamento para empregados de comércio e serviços.  Mas onde? Só lá estacionavam os identificados com cartões de empregados nos estabelecimentos da zona histórica. Mas onde? Ora aí é que está o chamado busílis. O intrincado problema. Em termos de bolsa, na zona histórica, só cabe uma taleiga.


 Foto ilustrativa, algures em Portugal

Foto ilustrativa, algures em Portugal
(A legenda diz simplesmente "Reservado. Mãe de Deus")

Exposto o imbróglio, segue-se a ideia revolucionária, a pensar na tal incubadora de empresas, a instalar na Casa dos Cubos. O nosso projecto ultra inovador consiste em fabricar carros de desmontagem automatizada, o CDA, Carro de Desmontagem Automatizada. Sai-se de casa com a viatura em forma de maleta. Já na rua carrega-se num botão e o veículo abre-se. Como aqueles chapéus-de-chuva que cabem numa mala de senhora. Depois entra-se no carro, dá-se a volta das compras, regressa-se a casa, carrega-se noutro botão e o bólide dobra-se todo, ficando como uma simples maleta. Ao entrarmos em casa, a esposa indica “Põe ali o carro atrás da porta”. Soa bem “Deixa aí o carro no hall”, em vez da clássica desculpa conjugal “Cheguei tarde porque andei meia hora à procura de um lugar para estacionar a merda do carro”
Temos o projecto concluído. Falta apenas o pormenor de fazermos encolher os pneus. Sabemos quanto custa fazer encolher os pneus, falando em especial dos abdominais. Fabricando estes carros- maleta, o concelho pode exportá-los para todo o mundo, nomeadamente para onde ocorram dificuldades de estacionamento. De concelho degradado, passamos ao mais rico do mundo, graças ao CDA.  
Uma segunda ideia, já apresentada, mas ninguém quis saber disso, seria, com base na qualidade da nossa construção civil, constituir uma brigada tomarense com a função objectiva de tapar o buraco do ozono. Temos técnicos especializados em buracos, temos bons pedreiros, temos boas pás, temos cimento e temos areia. Por vezes até demasiada para as nossas camionetas. Por conseguinte, podemos ser reconhecidos em todo o mundo como a cidade que tapou o buraco do ozono. Será uma forma de colocar Tomar no mapa das cidades que conseguiram tapar grandes buracos. O que decerto nos concederá, se alguém souber elaborar o respectivo pedido, o privilégio da inscrição na lista das urbes Património da Humanidade. E como vai ser bom ter dois patrimónios desses, a cem metros um do outro. Garante logo inscrição no Guiness. É limpinho! Depois é só aprender a explorar as inevitáveis invasões turísticas. Coisa pouca...
A última ideia por agora, vai também  abrir, sem possível sombra de dúvida, amplas avenidas rumo ao futuro para muitos politicos e aprendizes políticos tomarenses. Tanto nascidos aqui, como de arribação. Os chamados metecos. Trata-se de fundar uma empresa, tendo como área de negócio a recuperação, formação, formatação, requalificação, afinação e exportação de políticos locais, incluindo os caídos em desgraça, podendo também mais tarde dedicar-se à importação de líderes políticos aguerridos, de preferência oriundos do espanhol Podemos ou do luso Bloco de Esquerda. Tipo Pablo Iglésias e Mariana Mortágua, com clara preferência por esta.
O respectivo core business assenta no pressuposto que doravante, com a previsível expansão dos trumpetistas, a música vai forçosamente mudar de tom, sendo previsível que os candidatos caucasianos brancos vão ter larga procura, desde que não sejam demasiado inteligentes. Uma variedade bastante corrente por estes lados. Assim sendo, a nova sociedade criará emprego especializado, lucrará com a exportação dos seus formandos e, sobretudo, livrará os eleitores nabantinos de toda uma série de figurões que fazem cá tanta falta como a fome nesta altura.
Quanto à posterior importação de políticos mais aguerridos, do Podemos e do BE, tem como objectivo central a resolução de um complexo e estranho problema tomarense. A oposição autárquica actual comporta-se em geral como se estivesse sempre bastante contusa, quando a prática recente mostra o exacto oposto: uma oposição sempre bastante sem... Há portanto que proceder no sentido de excitar os nossos representantes na oposição, visivelmente com problemas de disfunção eréctil na sua actuação política. Usando uma linguagem mais popular e portanto mais acessível: Agem como se não os tivessem nem grandes nem no sítio. Os ditos, claro. Que fazem sempre muita falta.
Estes e outros projectos a incubar são urgentes porque o Governo anunciou disponibilizar 200 milhões às empresas mais inovadoras. Vamos então incubar as nossas e os ditos, antes que outros nos passem a perna e o pessoal fique, como sempre,  a chuchar no dedo, vendo os 200 milhões a voar..
Vamos lá então a isso, antes que arrefeça. 

Texto editado por António Rebelo
anfrarebelo@gmail.com   

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